20/03/2016

MARAFONA | Discurso Direto


Marafona, é um quinteto que une um coro de vozes à voz grave e intensa de Artur Serra, assim como cruza os instrumentos de cordas e percussões da tradição portuguesa como as trancanholas, o cavaquinho, a guitarra portuguesa ou a viola campaniça de Gonçalo Almeida, os bombos e o adufe de Ian Carlo Mendoza, a instrumentos mais clássicos como o contrabaixo de Cláudio Cruz e a viola de Daniel Sousa. Hoje recebemos em "Discurso Direto" a Marafona, "Está Dito".

Portugal Rebelde - O gosto aos pós do corridinho, da chula, do vira, da cantiga de embalar, do fado, da canção de Coimbra, da mazurca, da marcha, da alvorada transmontana e da valsa é o mote para esta viagem que apelidaram de “Está Dito”?

Marafona - Esse gosto é mais do que o “Está Dito”, esse gosto sempre moveu a procura da nossa música. Digamos apenas que neste disco fazemos um primeiro catálogo da danças e géneros de canção populares portuguesas para as quais procurámos o desafio de puxar para o nosso contexto.

PR - No press release de apresentação deste disco, apelidam a sonoridade das vossas canções de “MP3 a Válvulas”. Querem explicar este conceito?

Marafona - Entre a musicalidade inerente da telefonia a válvulas e a generosa versatilidade do MP3 a Marafona apresenta o MP3 a válvulas. Com o passado temos sempre algo a aprender, e, sorte a nossa, o legado imaterial que nos foi deixado está recheado de variadas especiarias musicais, algumas aparantemente toscas mas sonoramente fieis aos seus propósitos – A válvula do coração, as nossas memórias, telefonia a rádio da nossa avó. Já o futuro será sempre uma miragem, um fruto da adivinhação. Não se pode levar o futuro a sério mas podemos invadir o futuro com o presente, com todo um mundo que se abre ao som de um clique – a bio diversidade cultural que cabe num MP3 – é a cidade, o bairro, as 3 gerações. O MP3 a válvulas da Marafona resulta do gesto exploratório musical entre a tradição popular portuguesa sempre na alma e a compressão citadina, esse mar de coisas que chegam de toda a parte do Atlântico. M(úsica) P(ortuguesa) 3(terceira geração/third layer).

PR - “Está Dito” conta com a participação de Ana Bacalhau (Deolinda) e Mitó (A Naifa) entre outros. Como é surgiu este “encontro”?

Marafona - Surgiu entre um arrozinho de tomate com pataniscas de Bacalhau e um café na Sé, de Lisboa. De Lisboa...porque era isso que a “Improvável Toponímia da Marcha Popular” precisava...mais Lisboa e a Ana e a Mitó encarnam perfeitamente esta geração MP3 Lisboeta. Contrariamente, o outro genial convidado, o Luís Peixoto, foi desafiado para vir trazer um sabor mais antigo, um calor a válvulas, ao “Traz Paz”. O mais curioso, é que Luís, o mais “tradicional” não foi lá com petiscos portugueses mas com SMS. É um excelente amigo e músico.

PR - “Chula da Alvorada” foi a canção escolhida para single de avanço deste disco. Este é o tema que melhor retrata o “espírito” deste álbum?

Marafona - Esta canção tem muitas entrelinhas e uma delas é que foi feita precisamente no momento em que o Artur se despede do seu ofício e arriscando tudo se dedica somente a trabalhar nesse projecto, hoje o nosso monstro maravilhoso, a Marafona. Já lá se diz, ensinado pelo povo: “quando trabalhar por gosto não vou saber de cansaços”.

PR - Numa frase apenas como caracterizariam este “Está Dito”?

Marafona - O “Está Dito” é um daqueles discos que dificilmente se descreve numa só frase. Há tantos pormenores, tanta surpresa, até para nós próprios que cada vez que revisitamos o disco vamos descobrindo pequenas delícias que cada um vai colocando de si no todo. Tem tantas texturas, cores, sentimentos, tanta alegria e energia, tanta surpresa e irreverência...
O “Está Dito”é um disco que tem de ser [Ouvido]”.

PR - Depois da edição deste “Está Dito”, há intenções de levar a boneca de trapos a pisar os palcos deste país? Querem desde já avançar com algumas datas?

Marafona - Ainda não podemos revelar as datas por respeito ao timming das entidades que nos convidaram. Mas vamos participar em eventos com muita pinta.Podemos falar sim da data de estreia do disco, marcada para o dia 23 de Abril no Teatro Ibérico em Lisboa. O concerto terá algumas surpresas as quais não vamos obviamente divulgar para se manterem nessa condição e queremos que este dia seja muito especial. Estão todos convidados.

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