08/05/2016

FRED MARTINS | Discurso Direto


Fred Martins apresenta ao vivo no próximo dia 11 de Maio no B'Leza (lisboa)  “Para Além do Muro do Meu Quintal” o seu primeiro disco gravado em Portugal. Este trabalho conta com a produção musical do pianista e arranjador açoriano Paulo Borges e trás a participação especial da cantora cabo-verdiana Nancy Vieira e do paulistano Renato Braz. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Fred Martins.

Portugal Rebelde - Mais do que um disco comemorativo, este é um trabalho que dialoga e traz sonoridades experimentadas ao longo de duas décadas de carreira?

Fred Martins - Sim, neste CD participam músicos que conheci nos útlimos anos de trabalho aqui na Europa, além de outros parceiros em projetos anteriores feitos no Brasil.

PR - “Para além do muro do meu quintal” conta com a participação especial da cabo verdiana Nancy Vieira e do paulistano Renato Braz. Quer falar-nos um pouco desse encontro?

FM - Na participação da Nancy Vieira ficou envidente a afinidade entre as músicas de Cabo Verde e do Brasil. Ela, Nancy, mostrou intimidade com o gênero samba, ao cantar comigo o O Samba me Diz. Renato Braz é um dos cantores que mais admiro de minha geração. Ele já havia gravado alguns temas meus e neste caso imaginava que sua interepretação, muito identificada com o canto brasileiro, cairia bem nesta canção, Terras do Sem-fim, que trata do imaginário amazônico brasileiro.

PR - Qual é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste disco?

FM - Acho que o Poema Velho é como um elo entre Brasil e a Península. É interessante por ser tipicamente “nordestina”, ou seja, guarda o acento mouro levado pelos colonizadores portugueses ao Brasil. O que é marcante na música popular da região nordeste do Brasil.

PR - Numa frase como caracterizaria este “Para além do muro do meu quintal”?

FM - Experimentar o poder expressivo da música que não reconhece fronteiras.

PR -  “Noite de São João, poema de Alberto Caeiro, merece uma versão neste disco. A poesia de Fernando Pessoa é lhe particularmente grata?

FM - A poesia do Pessoa é cânone entre os brasileiros já há tempo. Acho que desde que chegou ali contou com um acolhimento crescente e estusiasmado, como o da poetisa Cecília Meireles. Talvez pela forma como assume a quebra do sujeito que sente e pensa o mundo moderno. Um sujeito partido, que abraça a pluralidade, mas que é sempre ultrapassado pela realidade que teima em escapar em contínua mudança. Ao menos para mim esse sentimento de um mundo em fuga, em expensão e ruína, é particularmente intenso no Brasil. Mais ainda em grandes cidades com o Rio ou São paulo, onde vivi.

PR - As canções deste disco são apresentadas no próximo dia 11 de Maio no B´leza, em Lisboa. O que é que o público pode esperar deste concerto?

FM - Será um show com as canções do cd, algumas delas já conhecidas nas vozes de artistas como o Ney Matogrosso, Zélia Duncan ou Maria Rita, além de outras músicas e que venho apresentando em concertos. Participarão músicos que também gravaram no disco como Bony Godoy, no Baixo, Paulo Porges, no piano, Sergio Mnem, cello, e a especialmente convidada Nancy Vieira.

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