09/07/2016

MONDA | Discurso Direto


Com uma aproximação clara às novas tendências musicais, sem barreiras ou fronteiras demarcadas e próximo das gerações mais novas, o projecto Monda criou uma abordagem contemporânea ao Cante Alentejano, misturando a composição tradicional com os novos sons da World Music. Monda nasceu da vontade dos seus intervenientes Jorge Roque, Pedro Zagalo e Herlander Medinas e do reconhecimento do novo tempo que urge construir-se para dar lugar aos sons de um sul mais evidente. 

Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que surgiu este novo som no Alentejo, a que deram o nome de Monda?

Monda - Há cerca de ano e meio, eu fiz sem qualquer intuito em particular, um arranjo para um tema que depois acabou por ser a alavanca de ideias para este projecto. Mostrei o tema ao Pedro e ao Der e criámos um arranjo distinto para “O Mocho”, uma moda popular com um texto muito peculiar e bizzaro. O clique estava dado. Tínhamos criado quase ingenuamente uma nova sonoridade para uma coisa tão tradicional e tão identitária de um povo. Sabíamos que não podíamos falhar ou fazer algo em que não acreditássemos.

PR - O projeto Monda é uma abordagem contemporânea ao Cante Alentejano?

Monda - Sem dúvida, nós dizemos em tom de brincadeira que, este é um cante tradicional contemporâneo, assumindo esse paradoxo. O Cante deve, sem perder a sua identidade naturalmente, assumir-se além-fronteiras, onde quer que haja alguém interessado em o ouvir. Essa também é a nossa missão e pretendemos portanto chegar o mais longe possível, levando connosco essa tradição assumidamente complementada com novas sonoridades. Este é o novo som do Sul.

PR - Este primeiro trabalho conta com as participações especiais da fadista Katia Guerreiro, Rui Veloso, Tiago Oliveira e do Grupo Cantadores do Portel. Querem falar-nos um pouco destes “encontros”?

Monda - Este foi um disco de muitas simbioses e muitos encontros felizes. Desde o primeiro momento eles acreditaram no nosso projecto e disseram sim à nossa música. Para além da Katia Guerreiro e do Rui Veloso, estrelas maiores desta companhia, tivemos muitos amigos e também eles grandes músicos a participarem no disco e ajudarem-nos a construir e consolidar a nossa ideia inicial. Desde logo pelo nome que assina a produção do disco, Ruben Alves, pianista e compositor de grande talento, Tiago Oliveira, guitarrista e fundador dos Polo Norte, Mário Caeiro, João Ferreira, Pedro Vidal e o Grupo de Cantadores de Portel. Estamos certos que o contributo e a disponibilidade que emprestaram ao disco foi fundamental para que este álbum fosse mais rico.

PR - Depois da edição deste primeiro disco, há intenções de levar estas canções para o palco? O que é que o público pode esperar destes concertos?

Monda - Claro, todos os músicos gostam de mostrar o seu trabalho ao público e nós não fugimos à regra. Temos vários concertos já este verão, nomeadamente em Ourique dia 14 de Agosto com a Ana Moura e em Vendas Novas dia 6 de Setembro, entre outros. Mas gostaríamos de destacar um concerto especial no dia 15 de Novembro, no Teatro Tivoli BBVA que, já tem bilhetes à venda na ticketline. Convidamos todos a ir ver. Vai ser um concerto diferente com alguns convidados e surpresas.

PR - Numa frase como caracterizariam este disco?

Monda - O novo som do sul, através de um Cante Tradicional contemporâneo.

PR - Das 12 canções que compõem este disco, há alguma que vos toque em particular? Porquê?

Monda - "Mais Brando João Brandão". Porque arrepia.


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