09/02/2019

MARA PEDRO | "Tic-Tac"


Chegou ontem ao mercado nacional o novo disco de Mara Pedro. "Tic-Tac" fala do tempo, um tempo para crescer, para amadurecer e perceber as escolhas que a vida foi exigindo à fadista, que desde muito jovem se deparou com duas estradas paralelas, onde a velocidade e o tempo a percorrer se foram estreitando, fundindo-se numa única via, por uma única condutora, Mara Pedro.

Fadista e estudante de Medicina Dentária, desde cedo percebeu o valor do tempo, o tempo que dá e tira, vai e vem, como o mar que bate na areia, acreditando sempre, que não precisa de escolher um só caminho, que deseja ficar com o que o tempo lhe der e permitir fazer. Esta é a sua mensagem: “Podemos ser o que nos propusermos ser”.

Criou uma capacidade de se abstrair do que não quer, conseguindo focar-se no que deseja, mesmo não sendo no tempo certo. Se tiver de estudar horas antes dos concertos, ou mesmo depois deles, entra e sai de palco, apresentando o mesmo profissionalismo e aquele sorriso que a caracteriza.

Após três álbuns editados e inúmeros concertos por vários países (Espanha, França, Lituânia, Suíça, Alemanha, América, Canadá e Brasil) Mara Pedro conheceu outras culturas, ouviu outras histórias e foi construindo a sua, escrevendo durante as longas viagens de avião. "Tic-Tac" foi assim construído, como um diário de bordo, onde escreveu o que foi vivenciando e sentindo, desfrutando de um tempo que era só seu.

O mestre Custódio Castelo, seu grande amigo e produtor teria que fortalecer esse projeto, com a sua capacidade de perceber, o que Mara Pedro queria dizer nos seus poemas. Foi um processo difícil e nas suas palavras mais ternas o Mestre dizia: “A Mara ainda não sabe o que quer, mas sabe muito bem o que não quer.” E, depois de horas indeterminadas, de avanços e recuos, onde o cansaço do corpo era ultrapassado pela vontade de ouvir o resultado, mesmo nos momentos de exaustão, Mara nunca se deixou vencer pelo cansaço e, lá estava o mestre: “Querida, queres parar?” - e do outro lado vinha a resposta: “Não, bora lá com isto”.

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