14/05/2022

DIOGO MENDES | Discurso Direto


Diogo Mendes é músico, produtor e compositor, um dos mais promissores guitarristas de Guitarra Portuguesa ao estilo de Coimbra. Herdou do pai o gosto pela música, mas a paixão pelo Fado de Coimbra e pela Guitarra Portuguesa surgiu em 2011, com a chegada a Coimbra e à Estudantina Universitária de Coimbra. Aprendeu Guitarra Portuguesa com grandes mestres e em 2014 formou o Grupo de Fado Amanhecer, com o qual percorreu o país, realizando inúmeros concertos e participando em vários momentos académicos importantes. 2022 é o ano em que apresenta "Erudito - Isto não é uma Guitarra de Coimbra", um projeto apoiado pela DG Artes, onde convida compositores portugueses a escreverem para a Guitarra Portuguesa. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Diogo Mendes.

Portugal Rebelde - "Erudito" vem provar que uma guitarra portuguesa pode ter outras possibilidades para além do vulgar acompanhamento do Fado? 

Diogo Mendes - Creio que já está mais do que provado que a guitarra portuguesa pode ter outros papéis para além de acompanhar Fado, mas é certamente mais um passo na direção de uma guitarra portuguesa contemporânea, com estéticas pouco comuns neste instrumento e peças desafiantes para os guitarristas. Não é um álbum que se pretenda melhor ou pior, mas diferente. 

PR - Este disco é também uma forma de encontrar novas abordagens e sonoridades para este instrumento? 

Diogo Mendes - Sempre foi essa a intenção, já que quando compomos uma peça para o nosso instrumento de eleição, é natural que as nossas escolhas sejam próximas ao que estamos acostumados a ouvir e tocar. Criamos melodias que nos sejam mais lógicas e/ou fáceis de executar e é-nos difícil criar uma linguagem completamente nova. Ao separarmos o compositor do intérprete, ficamos com a tela em branco, abrindo assim possibilidades para a linguagem e estética de cada compositor, adaptada depois às limitações e vantagens do instrumento. 

PR - Quando dirigiu o convite aos compositores para escreverem os temas deste disco, sentiu algum "constrangimento"? 

Diogo Mendes - Tinha algum receio que recusassem, até porque inicialmente foi um convite pro bono, mas alguns dos compositores que contactei ficaram bastante interessados no projeto, até porque para alguns deles foi a primeira vez que compuseram para a guitarra portuguesa. Quando obtive o apoio da DG Artes para o projeto, acabei por escolher os compositores que se tinham disponibilizado inicialmente para compor as peças do álbum. 

PR - Depois da edição do disco, há já algumas datas agendadas para a sua apresentação? 

Diogo Mendes - Ainda não tenho datas fechadas, mas escolhi deixar a apresentação para depois do Verão. Foi um longo e desafiante projeto, neste momento sinto que preciso de deixá-lo respirar um pouco para tirar melhor proveito das apresentações ao vivo. 

PR - Para terminar, a guitarra portuguesa é um instrumento, que merece ter um destaque muito para além do Fado? 

Diogo Mendes - A guitarra portuguesa está intimamente ligada ao Fado, sendo praticamente o único reportório tradicional que faz hoje em dia. Mas qualquer instrumento merece ser explorado na sua plenitude, não ficando limitado ao seu uso tradicional. Na música popular e tradicional é muito comum os instrumentos ficarem retidos nessa estética, limitados ao que já existe, sendo até pouco acolhidos quando algo novo aparece. A guitarra portuguesa não é exceção, e como já vários guitarristas o demonstraram, é um instrumento com potencial solista, para além do fado.

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