O verde, a paisagem, o recato, a contemplação são alguns dos predicados que Jorge Cruz partilha na sua nova viagem musical, denominada “Transumante”. Lançada em Fevereiro, a mais recente obra a solo do superlativo compositor português vai ser transportada para os palcos da Casa da Música, no Porto (4 de Abril), e do Teatro Maria Matos, em Lisboa (9 de Abril).
Depois do corpo de trabalho que desenvolveu com os Diabo na Cruz - responsáveis por conquistarem o público com o seu Roque Popular e pelo resgate da audaz simbiose entre a música moderna e a tradição, tão presente no atual panorama nacional -, o ex-líder do saudoso coletivo continua o regresso à raiz, porém agora à da linguagem simples, munida apenas de voz e viola. O poder da palavra eleva-se quando colocada sobre o dedilhar suave e melódico das cordas de nylon, que enforma a folk pastoral de “Transumante”.
Inspirado pela ruralidade e pelo património natural do país, Jorge Cruz reflecte neste disco o nomadismo que sempre abraçou, tanto na vida como no percurso artístico. Foi a partir desse ponto telúrico que burilou as dez bucólicas canções que o reafirmam como um dos criadores mais sublimes da música cantada na língua portuguesa.
Composto, tocado, gravado e misturado pelo próprio, “Transumante” é todo ele uma viagem preenchida por serras e planícies a perder de vista, mas também uma travessia pelo interior do cantautor. “Caminho de Casa”, “Minh’alma”, “A Milhas do Mar” e o tema-título, que se pinta de “montes onde o sol já repousou” e de “rochas e veredas rumo a vales que Deus abençoou”, são alguns dos momentos que afinam a bússola sinónimo da pureza espalhada pelo álbum.
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