São uma das faces visíveis do rock, que "corre" em Barcelos. Os The Glockenwise, editaram muito recente o seu disco de estreia - "Building Waves"; o Portugal Rebelde, esteve à conversa com Nuno Rodrigues, um dos "filhos do tédio e do inconformismo", que em "Discurso Direto", agita as ondas do Rock´n´ Roll.
Portugal Rebelde - “Building waves”,
lembra-me a expressão “fazer ondas”. É esta a forma de estar na vida dos The
Glockenwise?
Nuno Rodrigues - Fazer ondas não é necessariamente a forma de estar na vida, mas não há
dúvida que uma vida recatada e excessivamente controlada não casa bem com as
nossas personalidades. Dizer que este álbum reflecte a nossa maneira de estar é
a mais sincera verdade, mas nós não estamos sempre a fazer ondas. Building
Waves pareceu-nos o título apropriado para o tipo de impacto que gostávamos que
o disco tivesse, bem como é sem dúvida essa a nossa pré-disposição (a de fazer
ondas) sempre que entrámos em palco. Pode-se dizer que somos uns rapazes
traquinas que regularmente gostam de meter a pata na poça, bem até ao fundo.
PR - Estão contentes com o
resultado final deste disco?
NR - Quando se grava um disco já se entra no estúdio com uma espécie de
ideia formatada do resultado final. É claro que este som idealizado é o sonho
de qualquer músico, mas o produto final do trabalho de estúdio revela-se quase
sempre ligeiramente distinto do que se imaginava. Depois de ouvir o disco um
milhão de vezes já não o conseguia imaginar sequer com um som diferente do que
ficou. Ficámos bastante satisfeitos e adorámos trabalhar com o Paulo Miranda.
PR - Numa frase apenas - ou duas -
como caracterizarias este "Building Waves"?
NR - Este álbum serve diferentes
propósitos: gosto dele tanto para comer um gelado na praia como para beber um
gin tónico com os amigos. O objectivo final é que é sempre o mesmo: que tudo
seja divertido.
PR - Depois do disco, vamos ter
oportunidade de ouvir as canções de “Building Waves”, no palco?
NR - Esta é apenas a segunda vez que entrámos em estúdio, o que significa
que 99% da vida dos The Glockenwise gira à volta dos concertos ao vivo. Aliás
todo o álbum foi vocacionado para os concertos ao vivo, é como se fosse uma
“setlist”, só se muda uma ou outra música de posição. Com este disco queremos
tocar o dobro do que temos vindo a tocar, por isso penso que não vão faltar
oportunidades para se ver e ouvir este álbum em qualquer palco.
PR - Houve alguém que vos apelidou
de “filhos do tédio, que aprenderam a
contornar a sua condição e a transformar o inconformismo em algo mais”.
Concordas?
NR - Concordo totalmente. Só quem cresceu num meio como o nosso é que pode
genuinamente opinar sobre este tipo de espaços em que o marasmo está entranhado
tão profundamente. A nossa vontade de sair não era muito diferente da que levou
os portugueses a procurar o caminho das índias ou a emigrar, só que serviu propósitos
totalmente diferentes é claro. O facto de haver tão pouco para fazer ou
conhecer fez com que gestos tão simples como ver os Green Machine a tocar no
Porto parecesse um salto monumental, e isso é claro que impressiona um miúdo de
15 anos. O tédio nunca foi para nós uma inspiração, foi antes o empurrão que
faltava.
PR - Para terminar, Barcelos, vai continuar a
ser”capital” do Rock em Portugal?
NR - Barcelos vai continuar a ser uma cidade cheia de músicos e pessoas activas e interessadas, com dezenas de bandas a surgir num curto espaço de tempo. Também vai continuar a ser a terra da falta de apoios, da má gestão, das fracas obras públicas e líderes municipais sem credibilidade. Eu deixo os títulos para quem os quiser dar. Coimbra também foi capital do rock e agora é a capital do “não se passa nada”. Eu vou continuar a amar Barcelos pelo que me motiva a lá regressar sempre que posso, e a odiar exactamente pelos mesmos motivos de sempre. Nunca vou esquecer é que se não fosse Barcelos as minha vida tinha sido muito menos divertida.
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