A
solo, com a guitarra, José Mário Branco regressa à Sala Principal do
Theatro Circo a 21 de Abril (21.30h) para dar voz a algumas das mais
emblemáticas canções que foi compondo e interpretando ao longo de um
percurso de trinta anos.
Expoente da música de intervenção, José Mário Branco, que se afirmou também pela dimensão assumidamente activista, destaca-se actualmente como um dos nomes notáveis da música portuguesa, estatuto conquistado pelo intenso trabalho a solo e pelas inúmeras colaborações que desenvolveu com músicos como José Afonso, Sérgio Godinho, Luís Represas, Fausto ou Camané, entre muitos outros.
Criador de um vasto reportório, José Mário Branco adquiriu grande visibilidade e reconhecimento junto do público com as obras “Ser Solidário”, “Margem de Certa Maneira”, “A Noite” e o emblemático “FMI”, projecto síntese do movimento revolucionário português e tema que volta a revelar-se actual no presente contexto.
Embora voluntariamente afastado de um quase inevitável mediatismo, José Mário Branco mantém-se, desde há mais de trinta anos, altura em que lançou o seu primeiro trabalho discográfico – “Seis Cantigas de Amigo” – em permanente actividade, dividindo-se por áreas tão diversas como a canção, composição, representação, orquestração, cinema, militância ou cooperativismo.
Após o lançamento de cerca de duas dezenas de álbuns e da produção de inúmeros temas para cinema e teatro, José Mário Branco regressa em 2004 às edições discográficas com “Resistir é Vencer”, mais um projecto de carácter activista consubstanciado por uma homenagem ao povo timorense que, durante décadas resistiu à ocupação por forças militares da Indonésia.
Com uma forte ligação à consciência revolucionária portuguesa e aos diversos movimentos que dela derivaram, o cantor natural do Porto, que se destaca pelas elevadas classificações obtidas em Linguística, licenciatura em que ingressou em 2006 na Universidade Clássica de Lisboa, esteve exilado em França durante os onze anos que precederam a revolução de 25 de Abril de 1974, dando continuidade no estrangeiro à actividade cultural que entretanto havia iniciado em Portugal.
Para além da fundação da cooperativa cultural “Groupe Organon” e do primeiro grupo de teatro amador português em França, com o qual criou e interpretou as peças “A Comuna de Paris”, “O Racismo” e “A Jovem Poesia Inglesa e Americana”, José Mário Branco dedicou-se, ainda durante este período, à realização de centenas de recitais na Inglaterra, Suíça, Bélgica, Holanda, Alemanha e Itália.
Regressado a Portugal, deu seguimento ao diversificado percurso artístico que o caracteriza e que ficou assinalado, a par da composição, interpretação e produção musical, por acontecimentos como a fundação de diversas entidades de produção cultural (Grupo de Acção Cultural, Teatro do Mundo, União Portuguesa de Artistas e Variedades).
Ingressos, a 12 euros, disponíveis em www.theatrocirco.
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