Hoje em "Discurso Direto" subimos pela encosta serrana de Águeda acima, a tradição está livre e existe hoje. Luís Fernandes é o convidado desta "viagem" pela serra do Caramulo, à procura de modinhas, que um dia os Toques de Caramulo irão "retocar" à luz da modernidade.
Portugal Rebelde - Depois “Toques do Caramulo... é ao Vivo!” (2007), chega finalmente o vosso 1º disco de estúdio, “Retoques”. As antigas canções que vieram da Serra do Caramulo, foram agora “retocadas” com um “toque” de modernidade?
Portugal Rebelde - Depois “Toques do Caramulo... é ao Vivo!” (2007), chega finalmente o vosso 1º disco de estúdio, “Retoques”. As antigas canções que vieram da Serra do Caramulo, foram agora “retocadas” com um “toque” de modernidade?
Luís Fernandes - Assim
é. Em "Retoques" procuramos uma actualização estética que nos permita passagem a
mensagem de uma música velha para um público novo. O património de cantigas
esquecidas da zona serrana do concelho de Águeda merece esse esforço de
criatividade.
PR - “Retoques” começa com uma homenagem a Américo Fernandes (que foi maestro da Orquestra Típica de Águeda) e termina com uma remistura da “Trigueirinha” onde surge, por entre as electrónicas, a voz de David Fernandes, numa ligação, digamos umbilical, às raízes desta música. O Grupo assume desta forma a Tradição, mas também a “reinventa”. Concordas?
LF - Concordo.
PR - Sara Vidal, a magnífica
cantora portuguesa do grupo galego Luar na Lubre, participa em alguns temas
deste trabalho com voz e pandeireta galega. Queres falar-nos um pouco deste
contributo?
LF - Foi um dos convites naturais
para este disco. Há cumplicidades artísticas que gostamos de alimentar e a
ocasião de um disco permite juntarmos vários amigos à volta de um projecto
muito desejado como foi Retoques. Assim foi, não só com a Sara Vidal, como com
o Abílio Liberal (tuba), o João André (cajón), o David Fernandes e até a
magnífica miudagem do Coro Infantil da d’Orfeu.
PR - Numa frase apenas - ou
duas - como caracterizarias este
"Retoques"?
LF - Arejamos modinhas com o mesmo espírito
criativo de quem, um dia, as inventou. O mesmo desprendimento, a mesma alegria.
Só o tempo é outro: no calendário e no compasso. Pela encosta serrana de Águeda
acima, a tradição está livre e existe hoje. Por isso, este disco dos Toques não
é mais que Retoques.
PR - Depois do disco, vamos
ter a oportunidade de ouvir as canções de “Retoques” no palco?
LF - Já estamos a ter. A
digressão “Retoques” vai passar por tantos locais quanto possível. A agenda de
Abril, mês do lançamento, está a ser intensa, de norte a sul, mas continuaremos
na estrada e no ar durante os próximos meses. Para um colectivo como Toques do
Caramulo a vivência do palco é imprescindível para dar alma ao disco.
PR - “Retoques” chega às lojas
com selo d'Eurídice, o braço editorial da d'Orfeu. Esta é também mais uma
aposta da d’Orfeu?
LF - Com certeza. Depois de
“Contexto e Significado”, o livro-filme dos 15 anos da Associação, que marcou a
estreia editorial da d’Eurídice, aqui está “Retoques” como produto artístico
integralmente made in d’Orfeu: das gravações ao grafismo, da produção à
promoção, todo o trabalho é desenvolvido no seio da equipa d’Orfeu.
PR - Para terminar, os Toques
do Caramulo, querem contribuir de alguma forma, para que a Música Portuguesa
goste dela Própria?
LF - Se
o contributo é grande ou pequeno, só o público o dirá, mas para quem se dedica
a resgatar e rejuvenescer música tão marcadamente tradicional de um território
geográfico em concreto, só pode sentir-se realizado e a fazer a sua parte para
um desígnio global da Música Portuguesa.
1 comentário:
Nice and thanks!
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