04/05/2011

THANATOSCHIZO | Discurso Direto

A poucos dias da apresentação de "Origami" ao público lamecense (21 de Maio), o Portugal Rebelde deslocou-se a Santa Marta de Penaguião, para ouvir Patrícia Rodrigues, a "voz" dos ThanatoSchizO, falar de um "sonho melódico", que é "Origami".

Portugal Rebelde - Depois de 12 anos em que o metal foi o prato forte dos ThanatoSchizO, podemos afirmar que “Origami” é a “revisão da matéria dada” em formato acústico? 

Patrícia Rodrigues - “Origami” é mais um passo da nossa evolução, um registo que é o culminar de uma carreira já extensa e bem-sucedida apesar de vivermos num país que não apoia o tipo de música que fazemos, em que os promotores teimam em não valorizar o que é nacional e em que a vontade de concretizar um sonho é que nos conduz em frente. Este álbum é uma prova de fogo, mas sem qualquer pressão, daí ter demorado algum tempo a sair da forja e a conhecer a luz do dia.

PR - Neste trabalho podemos encontrar instrumentos como o cavaquinho, o clarinete, percussão, trompete e balalaika, numa mistura que inclui world music, rock progressivo e metal, inevitavelmente. As canções de “Origami” ganharam uma nova vida?

Patrícia Rodrigues - “Origami” é precisamente isso: um apanhado de temas nossos com uma roupagem diferente, o que lhes insufla vida nova e um fôlego diferente. Assim decidimos incluir vários instrumentos, experimentando novos sons para assim alcançarmos o nosso principal objectivo: proporcionar mais uma viagem sonora aos ouvintes, uma que percorresse vários sítios, sabores, estilos e cores.

PR - “Origami” marca um novo ciclo para os ThanatoSchizO?

Patrícia Rodrigues - Cada álbum de TSO marca uma nova etapa, um novo desafio, revela uma nova faceta e prepara o terreno para o que o futuro poderá ser no nosso seio. Assim sendo, “Origami” não é excepção, por isso é um álbum tão abrangente, tão aberto, tão maduro. Posso dizer que nos abriu novos horizontes e novos caminhos e possibilidades e nós estamos desejosos por percorrê-los e explorá-los.

PR - Numa frase apenas - ou duas - como caracterizarias este "Origami"?

Patrícia Rodrigues - “Origami” é um sonho melódico, o clímax poético das vidas que o povoam, que a ele se entregaram e derramaram a sua alma nele. É o desaguar de todas as nossas experiências enquanto músicos e pessoas, o produto de um querer muito intenso.

PR - Este novo trabalho já teve direito, muito recentemente, a uma apresentação no Teatro de Vila Real. Como é que o público reagiu às canções de “Origami”?

Patrícia Rodrigues - Já havíamos actuado no Teatro de Vila Real em 2009 e fomos muito bem recebidos e acolhidos, pelo que foi com grande satisfação e prazer que voltámos à capital de distrito. É uma sala com condições excelentes e na qual qualquer artista se sente em casa. No nosso caso, estávamos mesmo em casa, uma vez que somos de locais muito perto de Vila Real. O público foi maravilhosamente receptivo como já tinha sido há 2 anos atrás. No entanto, esta actuação foi ainda mais especial e memorável visto que levámos a Banda de Música de Mateus e isso elevou a nossa actuação, fazendo com que o sentimento fosse latejante e poderoso. O público foi caloroso e receptivo, retribuindo em dobro as emoções que lhes fomos transmitindo ao longo da actuação. Foi um momento alto das nossas carreiras, uma vez que estávamos a viver a realidade de um sonho há muito esperado (o de lançar um álbum acústico) e o público ultrapassou as nossas expectativas em termos de aceitação.

PR - "(Un)bearable Certainty", originalmente editada no registo de 2008 "Zoom Code", conta neste disco com a colaboração de Hugo Correia dos Fadomorse. Como é que surgiu esta oportunidade?

Patrícia Rodrigues - Foi algo que aconteceu de forma muito natural e espontânea. Seguimos o percurso de Fadomorse há muitos anos e sempre o achámos um projecto deveras interessante. Sendo o Hugo um forte defensor/ apreciador da música tradicional portuguesa e como queríamos impregnar o nosso álbum com diversidade musical, decidimos lançar-lhe o convite. Ele aceitou, escolhendo fazer o arranjo orquestral que se pode ouvir em "(Un)bearable Certainty", o qual, desde logo, me fez arrepiar e sentir inspirada a cantar as melodias da música. Trata-se de um casamento sonoro perfeito que modificou um tema muito especial para mim em algo ainda mais sublime.

PR - Para terminar, depois de 12 anos de vida e 5 álbuns editados continuam a acreditar que, apesar de afastados dos grandes centros de decisão, é possível continuar o sonho de fazer música em Santa Marta de Penaguião?

Patrícia Rodrigues - A prova de que acreditamos está no facto de ainda continuarmos a fazer a música que gostamos, a dar concertos em salas que nos recebem de braços abertos, com um público que compreende, aplaude e valida as nossas transformações sonoras. Graças à internet, por exemplo, é possível estar mais perto do público, dos “grandes centros de decisão” e levar a nossa música até onde o nosso sonho quiser. É tudo uma questão de trabalho, de empenho, de dedicação e de querer mostrar ao mundo o quanto amamos a música.

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