Aos poucos –
e de forma determinante desde que reside em Londres – Carmen Souza
tem-se afirmado globalmente como um dos mais intransigentes e vibrantes
símbolos da lusofonia. E no sentido em que a entidade cultural lusófona é
intrinsecamente mutante e em constante expansão mas eminentemente
inclusiva, é apenas natural que assim seja.
Porque se a acção desta lisboeta (nascida em 1981) parte de um signo matricial enraizado na tradição das ilhas de Cabo Verde (a origem da sua família), é pelas encruzilhadas próprias da diáspora que vai construindo um eclético programa artístico. É desta forma, que a Mbari, de Norberto Lobo ou Lula Pena, se associa.
Porque se a acção desta lisboeta (nascida em 1981) parte de um signo matricial enraizado na tradição das ilhas de Cabo Verde (a origem da sua família), é pelas encruzilhadas próprias da diáspora que vai construindo um eclético programa artístico. É desta forma, que a Mbari, de Norberto Lobo ou Lula Pena, se associa.
O
tratamento essencialmente plástico que confere aos materiais à sua
disposição – e o carácter quase expressionista da sua voz assume-se,
nesse particular, tanto um ponto de partida quanto de chegada –
sublinha
simultaneamente as eslásticas afinidades estéticas transatlânticas e o
inédito ponto de sincretismo a que chegou.
Música afro-cubana, jazz, morna e um conjunto de referências nascidas já de décadas de fusões rítmicas são deglutidas, distendidas e infinitamente recicladas no desenvolvimento de um extático perfil autoral para o qual, ao longo da última década, tem contribuído decisivamente o compositor e baixista Theo Pas’Cal.
Música afro-cubana, jazz, morna e um conjunto de referências nascidas já de décadas de fusões rítmicas são deglutidas, distendidas e infinitamente recicladas no desenvolvimento de um extático perfil autoral para o qual, ao longo da última década, tem contribuído decisivamente o compositor e baixista Theo Pas’Cal.
Este “London
Acoustic Set”, após três álbuns em conjunto – “Ess ê nha Cabo Verde”
(2005), “Verdade” (2008) e “Protegid” (2010) – gravados em pontos
distintos do globo, e envolvendo dezenas de instrumentistas, e depois de
apresentações pelo mundo fora (Portugal, Cabo Verde, Reino Unido,
Turquia, Brasil, Alemanha, Holanda, Irlanda, Finlândia, Letónia, Itália,
Canadá e uma digressão de 14 datas pelos
EUA), marca o
regresso de Carmen e Theo numa crua, imperturbável e indissolúvel
demonstração de como a radicalidade da sua proposta jamais lhe
compromete a íntima beleza e a exuberante comunicabilidade.
O
gesto do duo Carmen Souza feat. Theo Pas’Cal é o de depurar e recompor
os temas a partir da sua dimensão formal mais indispensável, colocando
em evidência as suas qualidades basilares.
E depois há, claro, a evocação de uma série de referências – costumam-se apontar os nomes de Nina Simone, Ella Fitzgerald, Maria João, Billie Holiday, Joe Zawinul, Édith Piaf (lembrada aqui em "Sous le Ciel de Paris") Return to Forever, Horace Silver (a este histórico pianista de jazz norte-americano, outro descendente de cabo-verdianos, é dedicada a versão do seu imortal "Song for my Father") ou, claro, Cesária Évora – que servem também para avaliar a originalidade do que aqui se ouve.
E depois há, claro, a evocação de uma série de referências – costumam-se apontar os nomes de Nina Simone, Ella Fitzgerald, Maria João, Billie Holiday, Joe Zawinul, Édith Piaf (lembrada aqui em "Sous le Ciel de Paris") Return to Forever, Horace Silver (a este histórico pianista de jazz norte-americano, outro descendente de cabo-verdianos, é dedicada a versão do seu imortal "Song for my Father") ou, claro, Cesária Évora – que servem também para avaliar a originalidade do que aqui se ouve.
Gravado quase na íntegra no londrino Green
Note (dois temas provêm de um concerto no Liverpool Philharmonic Hall),
é uma enérgica e concentrada demonstração de mais-valia criativa com um
derradeiro sinal de humildade e generosidade: 50% do valor das suas
vendas destina-se ao apoio de importantes iniciativas de intervenção e
transformação social – a SOS Children’s Villages (soschildren.org), a Casa ser Criança, da Abraço, em Portugal (abraço.org.pt) e a Infância sem Racismo, da Unicef, no Brasil (infanciasemracismo.org.br).
www.carmensouza.com
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