Não é segredo para ninguém que Nick Nicotine é um dos músicos nacionais com maior devoção e autoridade em tudo o que diz respeito à grande galáxia do rock n’roll norte-americano e todos os seus satélites: soul, funk, garage, blues e tudo o que assoma ao longo dessa grande estrada yankee. O que nem todos sabem ainda é que a sua música se abre cada vez mais ao hemisfério sul, à sua doçura, leveza e balanço gingão.
"Gypsicalia", o novo disco da sua Nicotine’s Orchestra
(já definitivamente longe do seu carácter inicial de one-man-band),
mostra com uma propriedade incrível a sua faceta de escritor de grandes
canções, permeadas por uma nova sensibilidade pop, feita de visões dos
trópicos, de nomadismo (do tipo cigano, a juntar ao kerouackiano
deambular com Rum e Whisky na mão que já lhe conhecíamos) e de um
encantamento solar, psicadélico e bucólico (momentos Sgt. Peppers) que
enriquecem de forma perfeita o seu reportório de soulman.
"Gypsicalia", que conta com as participações especiais
dos gigantes brasileiros Alex Kassin e Marcelo Camelo e da portuguesa
Miúda, assinala um marco na discografia da Nicotine’s Orchestra: o da
transcendência definitiva das fronteiras anglo-saxónicas nas quais
sempre se movimentou (até na língua: "Tropic of Capricorn", tema que entra
directamente para o cânone de enormes canções de amor – património
mundial – tem as primeiras palavras cantadas em português da carreira de
Nicotine), e a abertura natural ao mundo da canção celebratória,
agregadora e encantadora de multidões e serpentes.
19 de Julho - Galeria Zé dos Bois, Lisboa (23.00h)
Sem comentários:
Enviar um comentário