"Novo disco do Filipe da Graça é uma notícia terrível. Sabê-la
é como receber a intimação para um divórcio litigioso, unilateral e indesejado
desta parte. Isto porque eu tinha uma relação estável, apaixonada e duradoura com
o antigo disco do Filipe. Não estávamos em crise, ainda nos falávamos, ainda
nos ouvíamos. Por que haveria eu de querer abrir mão dessa relação, conhecer
novas caras, voltar a apaixonar-me? É uma coisa terrível, a perspectiva de um
grande amor depois de um grande amor.
Entretanto reconheci que a teimosia deste coração só tem
paralelo na tontice desta cabeça. Nem precisei de ouvir o “Quando É Que Voltas
Para Casa?”, disco novo do Filipe, para saber de antemão que eu ia ser um bígamo muito
feliz. Dei uma mirada aos títulos das canções e, logo, a cabeça (tonta) disse ao
coração (teimoso): “tens espaço para este disco; não vês a hora de o receberes”.
Desengane-se quem tiver a
suspeita, ainda que mínima, de que
falo de títulos para não ter de falar de canções (como se alguém
constatasse a magnificência dos lábios da Angelina só para evitar
dar-lhe um beijo). É que o melhor está mesmo nas canções. O melhor
chega-nos aos ouvidos. E o melhor é tão
bom! Daquele bom a que não se faz justiça fora dos ouvidos, por mais
exclamações que o pontuem.
Podia tentar contextualizar o Filipe, a
Graça,
Londres, Albufeira, as garagens e os skate parks, mas aí, sim, andaria a
fugir
das canções, do ponto incomum que traçamos logo com o disco e com o seu
autor.
Não precisamos de saber nada destas memórias, nem precisamos de um gajo a
explicá-las, que o desejo de regressar a casa vai unir-nos todos ao
conjunto de canções. Faz-se justiça pelos
ouvidos - só se não os tivermos é que o novo disco do Filipe da Graça podia ser
uma notícia terrível." (Samuel Úria)
O álbum "Quando É Que Voltas Para Casa?"
será apresentado em Lisboa, a 22 de Setembro no Bacalhoeiro (1ª parte
de Go Suck A Fuck), e no Porto, a 29 de Setembro no Plano B (1ª parte de
C de Croché)
A acompanhar a voz e a
guitarra de Filipe da Graça em palco estarão C de
Croché no baixo, Marco Armés (Feromona) na bateria, Miguel Simões na
guitarra e Silas Ferreira (Os Pontos Negros) nas teclas.
A entrada em qualquer um destes concertos de apresentação vale a oferta do disco!
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