O álbum "The Velvet Underground & Nico" (1967) é tanto um começo como um fim. Não
só porque foi o único registo composto por esta formação, como desenhou
muito do que hoje tomamos como adquirido.
Os drones, dissonância no
violino de John Cale, referências explícitas a droga e sexo nas palavras
de Lou Reed, a percussão "less is more" de Moe Tucker, a fusão dos
mundos por vezes distantes do rock com as artes plásticas personificada
na figura do produtor Andy Warhol e até uma ligação à moda, na presença
de Nico.
Se
é justo afirmar que neste disco encontramos o primeiro aglomerar sério
de muitas ideias dispersas na NYC dos 60's, o modo como se concretizam e
como resistem década após década à frente de tudo o que vai sendo
editado, justifica afirmar que este é também o documento definitivo de
muitas dessas ideias. Todas os dias uma banda tenta emular o som da
"Waiting For The Man" ou da "Sunday Morning", mas não vale a pena.
Daí
que na hora de convidar a banda capaz de levar a cabo a impossível
tarefa de homenagear este colosso, sabia que teria de abordar músicos em
que a linhagem VU não fosse assim tão evidente, pelo menos à primeira.
Sem
pestanejar, a ideia de conseguir os You Can't Win Charlie Brown
apoderou-se de mim, acima de tudo escutando na minha cabeça os coros
angelicais deles e como poderiam de um modo natural transportar "The
Velvet Underground & Nico" até outras paragens.
Tendo
já escutado alguns ensaios, acredito que estão a conseguir um
equilíbrio perfeito entre passado e futuro, entre a devoção pelas
canções e ao mesmo tempo engenho e arrojo na hora de mexer na História. Criaram um universo paralelo. E estou morto para que o ouçam...
No
45º aniversário do álbum dos álbuns, e na semana em que chega às lojas
uma reedição luxuosa que espalhará o gospel a uma nova geração, os
prodígios lisboetas atiram-se de cabeça ao quebra-cabeças narcótico de
Warhol, Reed, Cale, Nico, Morrison e Tucker, interpretando-o na íntegra,
num concerto irrepetível.
Por uma noite o Lux será a Factory em 1967. E, entre os fantasmas, vou tentar arranjar o número de telefone da Edie Sedgwick. (Pedro Ramos)
12 de Outubro - You Can´t Win Charlie Brown, Lux (23.00h)
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