31/10/2015

DISCOS PERDIDOS | "Heróis do Mar"


O disco homónimo de estreia dos Heróis do Mar, é hoje o o álbum em destaque na rubrica "Discos Perdidos". Dos fracos não reza a história. Cantemos alta nossa Vitória.

"Após o fim do grupo Corpo Diplomático, em Setembro de 1980, Pedro Ayres Magalhães recruta António José de Almeida (baterista dos Tantra) e Rui Pregal da Cunha para dar corpo a um novo projecto intitulado Heróis do Mar. Continuavam com Pedro Ayres, vindos do Corpo Diplomático, Carlos Maria Trindade e Paulo Pedro Gonçalves.

Após vários meses de ensaios, os Heróis do Mar lançam o seu primeiro single em Agosto de 1981. Este disco continha os temas "Saudade" e "Brava Dança dos Heróis". O grupo reflecte alguma estética nacionalista nas suas roupas e nas letras das canções. Houve, até, quem os acusasse de neofascistas ou neonazis.

O seu LP de estreia contém os temas do single e outros como "Magia Papoila", por exemplo. O seu estilo musical, de início, ainda que próximo de algumas fontes portuguesas ia beber ao fenómeno neo-romântico que despontava em Inglaterra capitaneado por grupos como os Spandau Ballet ou os Duran Duran.

Em Junho de 1982 é editado o máxi-single "O Amor"(2), o seu primeiro mega-sucesso comercial. Este disco conta, no lado B, com uma versão em que canta Né Ladeiras, artista com a qual os Heróis do Mar tinham gravado (enquanto músicos de estúdio) o LP "Alhur".

Em Agosto seguinte tocam na primeira parte do concerto dos King Crimson e dos Roxy Music, que os levam até Paris para actuarem na primeira parte da sua actuação em França.

O seu segundo disco "Mãe" tinha uma bela capa, mas apresentava fragilidades a nível das vocalizações de Rui Pregal e nenhuma canção deste disco se consegue impor com sucesso. Os temas de maior destaque são "Cachopa" e "Volta P'ra Mim".

O seu disco seguinte ("Paixão") obtém, finalmente, o êxito que tinha fugido com "Mãe" e leva a revista inglesa "The Face" a considerar os Heróis como o melhor grupo de Rock da Europa.(3)

Os músicos dos Heróis são os acompanhantes de António Variações no seu segundo disco "Dar & Receber", gravado em 1984.

Segue-se a edição do disco "O Rapto", [mini-álbum com 4 canções] que inclui "Supersticioso" e "Só Gosto de Ti". Os Heróis do Mar mudam de visual e apresentam-se com camisas rasgadas e tendo já muito pouco a ver com a sua estética nacionalista inicial.

Após lançarem no mercado outro single virado para as pistas de dança intitulado "Alegria" [lançado em Julho de 1985; no início do ano tinham lançado uma colectânea] e terem participado em espectáculos no país e no estrangeiro, partem para Macau onde ficam um mês.

As vivências de Macau transportam-nas para o seu novo disco, justamente intitulado "Macau", gravado nos Estúdios de Paço de Arcos da Valentim de Carvalho, com quem tinham firmado contrato após divergências com a editora inicial, a Polygram.

"Macau" [editado em Dezembro de 1986] é completamente diferente daquilo que os Heróis do Mar fizeram até então. Musicalmente muito mais avançados, os Heróis abandonam as suas vestimentas e deixam a música falar por si própria. Deste disco, o tema "Fado" teria um relativo sucesso. Pedro Ayres estava já, por esta época, com os Madredeus, o que retirava algum tempo aos Heróis do Mar.

António José de Almeida abandona o grupo, em 1988, e já não participa na gravação do último disco chamado "Heróis do Mar"(4). A bateria é substituída por uma caixa de ritmos, nas gravações, e António Garcia (ex-Mler Ife Dada) é convidado para novo baterista. 

No entanto, ele não chegará a aquecer o lugar porque o grupo dá por terminadas as suas actividades, devido a diferentes opções dos seus elementos e a diferentes projectos onde, cada um, estava envolvido." (Aristides Duarte)

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