"Ao fim de apenas dois anos de existência, o trio lisboeta Torga é uma das onze bandas europeias escolhidas para o prestigiado festival FolkHerbst, que decorre na cidade de Plauen, na Saxónia (Alemanha) durante os meses de Setembro, Outubro e Novembro.
O evento – que celebra este ano um quarto de século de existência e tem lugar na Malzhaus – culmina em Janeiro de 2018 com a atribuição do prémio Eiserner Everstneir, que ao longo destes 25 anos já foi atribuído a bandas depois disso tão reconhecidas no circuito da folk e da world music como The Barely Works (Reino Unido), Garmarna (Suécia), The Poozies (Reino Unido), Berroguetto (Galiza), Actores Alidos (Itália), Amesterdam Klezmer Band (Holanda) ou Anxo Lorenzo Trio (Galiza). A banda portuguesa participa no FolkHerbst com um concerto que é realizado no dia 3 de Novembro.
Os Torga – Miguel Quitério (voz, gaita galega, gaita transmontana e flautas), Mike Simões (bouzouki, riq e arquitectura sonora) e João Mendes (percussões) - nasceram em Maio de 2015 fruto de uma inevitabilidade absoluta: o profundo amor que os três têm desde sempre pela música e a cumplicidade musical que os une há muito tempo.
Apaixonados pela música tradicional irlandesa, durante quatro anos Miguel e João partilharam a mesma casa em Newcastle, a cidade inglesa em cuja universidade estudavam os dois (bodhran o João; uilleann pipes, northumbrian small pipes e flauta transversal irlandesa o Miguel). E nas férias, sempre que desembarcava em Lisboa, era com o Mike que Miguel se encontrava para, juntos, participarem em jams – onde os jigs, os reels e os airs fumegavam – nos bares ribeirinhos lisboetas O’Gillians, Bar Americano ou Trobadores.
Mas, ainda em Newcastle, outro algo aconteceu: Miguel Quitério, rodeado de música irlandesa por todos os lados, começou a sentir o apelo das raízes portuguesas e começou a escrever e compor canções onde a tradição rural do nosso país recolhida por, por exemplo, Michel Giacometti, a sombra (boa) dos nossos grandes cantautores – José Afonso, Fausto… -, ecos de Gaiteiros de Lisboa ou Galandum Galundaina e um gosto aventureiro por outras sonoridades do mundo se encontravam, e em toda a sua plenitude, cristalizados em temas originais.
Os temas que se podem agora ouvir no EP “Torga” – três originais, uma versão do tema mirandês “Romance da Lhoba” e outra de “Arriba Quemando el Sol”, da chilena Violeta Parra - e ainda os outros que não fazem parte desse primeiro disco editado em finais de 2016 mas que podem ser escutados ao vivo.
E, apesar dos três músicos terem feito ou ainda fazerem parte de grupos e bandas acompanhantes de artistas como Leda (João), Anaquiños da Terra, Né Ladeiras, Tanira, Riscos, Tuga’ Tribe, Trabucos, Gaiteiros de Lisboa (Miguel), Trabucos, Óai d'Ir, Sebastião Antunes, Celina da Piedade e Charanga (Mike), a música dos Torga tem uma personalidade própria que não se ouve em nenhum dos outros nem em qualquer outro lugar.
Uma identidade em que a música portuguesa de raiz é a base principal mas onde se encontram também muitas outras paisagens sonoras – directamente nos instrumentos ou nos singelos samples que por aqui se ouvem -, da música árabe e tuaregue à nueva canción sul-americana, à música irlandesa (que, pontual e subliminarmente, se sente no modo de tocar das gaitas galega e transmontana) e indiana (a flauta transversal tocada como se uma bansuri fosse), todas unidas por uma aventureira arquitectura sonora.
Torga é a raiz da urze, ou até a urze inteira, mas é agora também o nome de uma banda que, em Portugal, já passou por festivais tão importantes como a Festa do Avante, L Burro I L Gueiteiro, Arredas Folk, Salva a Terra Eco-Festival, GEADA, Cantar Abril ou Identidades e que em Novembro vai deixar a sua assinatura neste festival alemão, FolkHerbst, ao lado de mais dez grupos de variadíssimos outros gáneros tradicionais europeias (ou de outros continentes mas com músicos residentes na Europa): Göksel Yilmaz Ensemble (Turquia/Holanda), El Flecha Negra (Chile, México, Peru, Espanha, Alemanha), Großmütterchen Hatz und Klok (Áustria), Global Groove Lab (Sérvia, Rússia, Nigéria, Grécia, Áustria), Dobranotch (Rússia), Mäkkelä (Finlândia, Alemanha, República Checa), Fabrizio Consoli & Band (Itália), Maik Mondial (Alemanha), Dallahan (Escócia) e Äl Jawala (Alemanha). Viel glück, rapazes!" (António Pires)
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