A partir de hoje é possível ouvir "Misfit" na íntegra nas plataformas de streaming. Imprevisível e sempre subversivo, The Legendary Tigerman concluiu que Janeiro de 2018 é demasiado longe, trocou voltas a planos, estratégias e outros espartilhos, e antecipou a edição digital do seu sexto e muito aguardado álbum de originais para a data que entendeu: hoje.
A edição mundial do vinil e do CD/DVD "Misfit", em parceria com a Sony Music, continua agendada para 19 de Janeiro de 2018, estando também a pré-venda de um número limitado de discos autografados disponível a partir de hoje.
"Misfit" é o primeiro álbum em que Paulo Furtado abandona o formato one man band e conta com a participação de Paulo Segadães na bateria e João Cabrita no saxofone barítono, elementos que se tornaram, primeiro, presença indispensável na digressão do anterior “True” e, finalmente, companheiros a tempo inteiro na arte e no ofício de The Legendary Tigerman.
Misfit é muito mais do que um disco de rock é O disco de rock de que estávamos a precisar e ninguém melhor do que o próprio The Legendary Tigerman para falar de cada grão de areia que o compõe.
"Misfit
Inadaptado
A person whose behaviour or attitude sets them apart from others in an uncomfortably conspicuous way.
Por vezes, para se criar algo de novo é preciso destruir as bases de tudo o que se construiu ou conheceu antes.
Misfit nasceu de um filme, Fade Into Nothing, um projecto erguido em conjunto com o Pedro Maia e a Rita Lino, um road movie em Super8, filmado em 15 dias entre Los Angeles e Death Valley, a viagem de um homem que procura transformar-se em nada, um homem chamado Misfit.
Conceptualmente, não queria apenas escrever mais um disco, queria que estas canções nascessem na estrada, influenciadas por tudo o que ia vendo e sentindo na viagem. Forcei-me a escrever este disco inspirado no olhar deste homem, mas também sob a influência da estrada americana, do deserto e de dezenas de personagens com que me cruzei. A estrada é muitas vezes suja, perigosa, excitante, inspiradora, há que estar alerta.
As canções foram escritas em diferentes quartos de motel ao longo do caminho, no final de longos dias de rodagem, quase sempre em estado de exaustão e entre o sono e o sonho, de um modo instintivo e compulsivo.
O diário de Misfit é, por outro lado, escrito todos os dias, de manhã. As letras cruzam-se com o texto do filme, e muitas vezes há pistas cruzadas entre ambos. Um pouco mais de informação que é dada, apenas a quem a procura.
A primeira viagem para a rodagem de Fade Into Nothing é feita em Maio de 2016, e 7 meses depois, em Dezembro, estou de volta ao deserto de Joshua Tree e ao Rancho de La Luna, desta vez acompanhado do Paulo Segadães e do João Cabrita.
A escolha do Rancho de La Luna, de Dave Catching, é fundamental no processo de gravação, não só pela localização mas também por todos os instrumentos que lá existem, assim como o facto de estarmos isolados numa pequena localidade onde nada se passa, com o foco a 100% no estúdio e nas canções. E pelo Dave, claro, uma presença apaziguadora e inspiradora, que muitas noites cozinha deliciosos pratos de inspiração Tex-Mex enquanto nos conta histórias de Rock n’ Roll.
Esse lado mais intimista do Rancho é uma das coisas que nos deixa mais à vontade, porque o estúdio não é mais do que uma casa no deserto, a mesa de mistura está na sala que está colada à cozinha, os amplificadores de guitarra estão no quarto do Dave, a bateria numa sala entre a cozinha e o quarto, o cheiro da comida ao lume a espalhar-se pelas divisões, amplificadores no jardim e o vento a passar nos microfones.
Fomos encontrando a sonoridade de Misfit, única, algures entre a parede de som dos Ramones e bandas sonoras de filmes de terror italianos dos anos 70, recorrendo a 5 amps diferentes para amplificar as minhas guitarras, a bateria forte do Paulo Segadães, o saxofone barítono do João Cabrita, grave e poderoso, misturados com instrumentos que encontrámos no Rancho, teclados orquestradores italianos vintage, uma auto-harp, um piano vertical, entre outros.
Em Fevereiro de 2017 levei tudo isto para Paris, onde o Johnny Hostile (Savages, John & Jehn), co-produtor do disco, começou as misturas. Ele foi, sem qualquer dúvida, uma parte fundamental desta equação ruidosa, e a sua opinião e ideias foram quase sempre certeiros.
Não queria, de modo algum, um disco que soasse a Rock'n'Roll do século passado, ou a algo que já tivesse ouvido, e a visão fresca e nova do Johnny sobre a minha música julgo que, de facto, conseguiu alcançar isso.
O Johnny sugeriu que escolhêssemos John Davis (que misturou Born to Die, de Lana Del Rey, ou Adore Life, das Savages, entre muitos outros) e acertou na muche, a masterização é tremenda.
Estou muito orgulhoso deste disco, de todo este projeto, e espero que ele vos apaixone tanto quanto a mim." (Paulo Furtado, a.k.a The Legendary Tigerman.)
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