07/03/2018

JORGE FERRAZ | "Machines dor Don Quixote ...et... viva la muerte?"


Jorge Ferraz, músico-guitarrista (embora trabalhe com muito equipamento electrónico e digital, a guitarra e a guitartrónica são a sua grande obsessão), compositor e produtor, fundou e liderou algumas bandas portuguesas underground desde 1983, com destaque para Santa Maria, Gasolina em Teu Ventre! (cujo primeiro disco foi considerado em 1998, num trabalho conjunto do Público e da Fnac, um dos melhores discos da música popular portuguesa de 1960 a 1997), Ezra Pound e a Loucura, ou Fatimah X. Em 2006 passou a trabalhar em nome próprio, tendo publicado, desde então, dois álbuns (2008 e 2010).

Em 2014, no número comemorativo dos 30 anos da revista Blitz, foi considerado um dos melhores 30 guitarristas portugueses dos últimos 30 anos. Foi ainda cofundador da efémera banda João Peste & o Acidoxibordel que reuniu, entre outros, músicos dos Pop Dell’Arte e dos Santa Maria, Gasolina em Teu Ventre!, bem como o saxofonista Rodrigo Amado.

Foi produtor dos seus discos a solo e de grande parte das edições das bandas que integrou, tendo ainda desempenhado essas funções com Pop Dell’Arte e The Great Lesbian Show.

Publicou também poesia e ensaio em revistas como “Vértice” e “Bumerangue”, bem como um livro de contos, “Telescópio Quebrado Scanner Descontínuo” na Black Sun Editores.

Ferraz é ainda doutorado em Sociologia e publicou, nesse contexto, alguns textos científicos versando principalmente as problemáticas da ideologia e da globalização nos universos do cultural e do político. Desde 2013 que é igualmente membro fundador do colectivo multimédia Cellarius Noisy Machinae.

"Machines dor Don Quixote ...et... viva la muerte?" é composto por 16 “canções” de guitartrónica e poesia-ruído assumidamente radicais, serenamente aquáticas e borbulhantes e/ou violentas e distorcidas, organizadas em quatro movimentos/partes - talvez pseudo-géneros musicais distintos - com uma duração de cerca de 40 minutos. 

Um caminho que vai de infantis melodias de adeus a súbitas atonalidades intrometidas, num sempre aberto jogo de manipulação analógica e digital de tempos, “pitches” e “loops” que resulta do confronto entre a guitarra e outras máquinas. 

Um vaivém entre o interventivo e o contemplativo, a ruptura activa e a desistência, o rigor maníaco e a displicência ladina, o romântico e o desencantamento irónico. Música e temas onde também se pergunta o que é a identidade de um artista e criador e de onde vem. Qual é a sua liberdade e onde reside a sua coerência? Um romantismo derrotado... de que nunca se desiste.

Ao vivo: concerto/performance de música com cenografia e criação vídeo, desenvolvido com membros dos Cellarius Noisy Machine feito de muitas das canções que integram o novo álbum de Jorge Ferraz, bem como da reformulação de alguns temas de discos mais antigos que “re-vivem” porque se sujeitaram ao imaginário e ao som presentes neste novo trabalho.


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