Uivo Zebra é o power trio de Hernâni Faustino no baixo eléctrico (RED trio e dezenas de outras formações), Jorge Nuno na guitarra eléctrica (Signs of the Silhouette, Dead Vortex) e João Sousa na bateria (Parpar, Cardíaco, Ácidos).
Desde 2017 que o trabalho de UZ se baseia em usar as tensões que a individualidade traz para um grupo de pessoas. No sentido de reafirmar a alta dinâmica do trio, “Gancho” é um ataque em três partes, o resultado da fuga dos lugares comuns em sincronia com a busca de uma certa febre, um sonho surreal, um pesadelo estupidamente agradável.
Lançado este ano pela editora A Besta [033], em formato cassete (75 cópias), “Gancho” reflete o trabalho de raiz de que os Uivo Zebra foram parte: a gravação autónoma, a mistura de João Sousa com os restantes e a edição dentro do colectivo. O resultado é uma aproximação íntima, despida, ao estado febril que as Zebras procuram desde o primeiro álbum: os urros, os estrídulos, uivos e rasgos sónicos de pratos cortantes.
O primeiro tema de “Gancho” começa com 20 segundos de hiss, uma entrada forçada, linha de baixo arrojada, linhas temporais desconexas, palavras impossíveis – um uivo intenso que o feedback de Jorge Nuno cria, fazendo a cama para as linhas de baixo infinitas de Faustino, graves e demolidoras. Os riffs desmontados de Sousa ajudam a criar um exemplo perfeito de como 3 pontos de vista distantes unidos sem partitura podem esbofetear-vos na cara. Amigável, mas abrupto.
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