“Música de Baixa Fidelidade” foi, em 1988, um dos pontos altos no percurso editorial da Ama Romanta (Pop Dell’Arte, Sei Miguel, etc.), um disco completamente estranho a todas as realidades musicais da época em Portugal. Tózé Ferreira refere o seu longo flirt com a electro-acústica, iniciado com “De Natura Sonorum” (Bernard Parmegiani, 1975) em 1981 e culminado no curso de Sonologia no Conservatório Real de Haia, em 1986.
Estudos, práticas e contactos durante o curso resultaram em testes ao vivo (com Rodney Waschka, cuja voz se ouve depois no álbum) e em “Música De Baixa Fidelidade”, disco contemporâneo de “Plux Quba” (Nuno Canavarro), também editado pela Ama Romanta. Em 1988 era fácil tentar classificar esta música como parte da cultura industrial, como acontecia com Osso Exótico, mas nenhum desses discos se integrava realmente nessa cultura.
Mesmo sonicamente, e isso tornou-se claro. Hoje é mais fácil enquadrarmos estes sons não só na tradição electro-acústica, nos silêncios e contra-argumentações de sons acústicos, nas improvisaões assistidas por computador, na exploração do feedback, mas também, especialmente em “O Verão Nasceu da Paixão de 1921″, numa linha cósmica germânica dos 70s.
Álbum fundamental para olhar um “outro” Portugal pelo menos desde Anar Band em 1977 (Jorge Lima Barreto e Rui Reininho), Telectu na primeira metade dos 80s, Nuno Canavarro e Osso Exótico no final dos 80s, Manuel Mota nos 90s e tantas outras experiências desenvolvidas sobretudo na década de 90 e, numa família mais próxima do rock, já neste século.
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