02/08/2019

JOSÉ AFONSO FARIA HOJE 90 ANOS: PETIÇÃO PEDE A CLASSIFICAÇÃO DA SUA OBRA


José Afonso faria esta sexta-feira 90 anos. Por isso, este foi o dia escolhido pela Associação José Afonso (AJA) para entregar no Ministério da Cultura a petição, com cerca de 11 400 assinaturas que apela à salvaguarda e reedição da obra do cantautor.

Um dos nomes mais importantes da música portuguesa do século XX, José Afonso nasceu em 2 de agosto de 1929 em Aveiro e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra, tendo gravado os primeiros discos no início dos anos 1950 com fados de Coimbra, pela editora Alvorada. 

"Voz de um povo sofrido, voz de denúncia, voz de inquietude. Voz sinete da revolução de Abril", como descreve a associação, José Afonso gravou álbuns como "Cantares do Andarilho", "Traz Outro Amigo Também", "Cantigas do Maio", "Venham Mais Cinco" e "Coro dos Tribunais". Autor de Grândola, Vila Morena, uma das canções escolhidas para anunciar a revolução de Abril de 1974, José Afonso morreu a 23 de Fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada cinco anos antes.

Vieste de menino d'oiro pela mão
Acordar a madrugada
E fez mais, às vezes, uma só canção
Do que muita panfletada
Grandes janelas soubeste abrir
Por onde o ar correu sem te pedir
Que não se cansem de nascer
As fontes onde vais beber

Nunca mais te hás-de calar,
Ó Zeca, para nós
Canta sempre sem parar
Que é seiva e flor a tua voz

Vestiste a capa de caloiro coimbrão
Para ultrapassar o fado
E, em cada Natal, teu fruto temporão
Nunca foi ultrapassado
Na distracção jogas à defesa
Com o humor disfarças a tristeza
Cantas a esp'rança e o amor
Que o povo te ensinou, de cor

Nunca mais te hás-de calar,
Ó Zeca, para nós
Canta sempre sem parar
Que é seiva e flor a tua voz

Nem tudo o que reluz é oiro, pois então
E bem gostaria o facho
De te ver calado e manso pela mão
Com medalhas no penacho
Co'a a tua ronha felina e sã
Vais-lhe atirando as flechas de amanhã
O olho pisco a acender
E a garganta a acontecer

Nunca mais te hás-de calar,
Ó Zeca, para nós
Canta sempre sem parar
Que é seiva e flor a tua voz

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