20/06/2020

PEDRO AUGUSTO | "Duas Vozes"


Está disponível online, "Duas Vozes", o EP de estreia do artista e compositor Pedro Augusto. Editado digitalmente via Lovers & Lollypops, o registo pode ser escutado no bandcamp da editora. Música de carácter visual, o EP surge um híbrido video-álbum-viagem em que a música de Pedro Augusto se deposita nas imagens criadas por Rafael Gonçalves.

Pedro Augusto, sediado no Porto desde 2001, trabalha como artista e compositor musical para artes performativas e cinema. Tem vasto percurso editorial a título individual e como produtor em diversos álbuns de música portuguesa da última década. É responsável pelo arquivo Found Tapes Porto e pelo projecto musical Live Low, tendo até 2014 assinado com o alter ego de Ghuna X.

Em “Duas Vozes” estreia-se nos lançamentos em nome próprio, com seis temas de música não-operática, ou melhor, que não cumprem um propósito outro que não fosse construir um programa musical que pudesse ser apresentada ao vivo sem programações. Nesse sentido e apesar das devidas diferenças, encontra-se plástica e sonoramente sonoramente esteja mais próximo do trabalho desenvolvido como Ghuna X do que como o mais recente Live Low, isto porque apresenta uma sonoridade bastante frontal, viva e dinâmica, em que se vive mais do som que é produzido do que da complexidade musical.

O sintetizador modular é, por essência, um objecto orgânico, em constante transformação selvagem, difícil de domar para que soe igual hoje e amanhã, e portanto não é de estranhar que um processo de escrita e gravação de cerca de duas semanas seja o resultado de um processo de anos na procura de uma música electrónica forte, gutural e torcida que soasse, ao mesmo tempo, própria a Pedro Augusto.

Este disco, escrito a partir de duas sequências monofónicas de um sintetizador modular, marca o início de uma série de edições que evoluirão a partir do objecto inicial através da adição de novos instrumentos. Mais à frente Pedro Augusto lançará "duas vozes e piano” ou “duas vozes e uma caixa de ritmos”. O projeto encontra no formal, no serial e no repetitivo os pressupostos para se fazer ouvir ecos da música moderna americana dos anos 60/70, da geração de John Cage, Philip Glass, Steve Reich ou Henry Flynt nestes seis temas compostos para duas vozes.

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