MITO é a raiz que nasce e cresce nas ruas de uma Lisboa apagada. É quando a luz natural se extingue e os candeeiros brilham com todo o seu esplendor que a raiz emerge, tímida, entre as pedras da calçada. Com um comportamento próprio, um olhar clínico, espreita a cidade de uma perspetiva escondida ao olho comum. O imaginário Urbano, Contemporâneo, Neon, Pop e Elétrico funde-se a um profundo desejo da experimentação e, nesse momento, forma-se um líquido mágico, com traços de um pop-eletrónico de origens indefinidas, e que que explora a nossa língua materna de uma forma única.
As palavras do disco de estreia de MITO, composto por 10 temas a editar no começo do próximo ano, e deste primeiro tema em particular, “Vida de Cão”, não deixam de carregar uma verdade e um romantismo profundo quando proferidas pela boca de Pedro Zuzarte, compositor e vocalista que largou Direito na Universidade Clássica para levar uma vida de criação - dividida entre o fazer música e o fazer vinho. A outra metade da banda é Manuel Siqueira, guitarrista e multi-instrumentista que partilha uma amizade e uma colaboração musical com o Pedro há mais de uma década.
Em “Vida de Cão”, as palavras de Agostinho da Silva vêm à cabeça, "o homem não nasce para trabalhar, o homem nasce para criar", e levantam o véu para a questão fundamental que é compreendermos o propósito das nossas vidas, muitas vezes em choque direto com as expectativas geradas para as mesmas - pela sociedade e pela família. É o dilema do artista, poderá dizer-se, embora, na verdade, seja o dilema de todos.
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