05/05/2021

RODRIGO AMARANTE | "Drama"


Rodrigo Amarante acaba de anunciar o lançamento do seu novo álbum “Drama”, no dia 16 de Julho, pela editora Polyvinyl, que irá também reeditar o aclamado álbum de estreia “Cavalo” (2014), uma extraordinária coleção de canções intimistas, em que “cada instrumento respira e cada som se mistura, mas cada momento é distinto” (NPR Music). 

Portugal recebe, em 2022, os concertos de apresentação do novo álbum, nos dias 18 de Abril, na casa da Música, no Porto e em Lisboa, a 19 de Abril, no Capitólio. Os bilhetes estarão à venda nos locais habituais a partir de sexta-feira, 7 de Maio, às 09.00h. ”Maré” é o primeiro single de “Drama”, uma canção otimista e aparentemente feliz, que encerra detalhes menos alegres, escondidos sob a superfície.

“Maré” baseia-se num provérbio espanhol que vaticina algo como “a maré leva o que traz”. “Coisas que nos chegam às mãos graças ao destino, também nos são facilmente retiradas”, explica Rodrigo Amarante que, além de autor da música, assina a realização do video. “Esta canção é sobre como moldamos o nosso destino e carácter, pelo que ansiamos, desejamos, sonhamos, apesar do resultado. O vídeo não é sobre isso, é sobre como escrever a música, ou qualquer música, não sobre a música em si. É uma representação da escrita, um olhar sobre a obra que vai produzir a magia que está escrevendo, voltando assim ao que molda meu próprio destino, meus desejos e anseios, do que fala a música. Digo mágica porque há um elemento imprevisível na escrita, mas é uma atividade mental: aí reside o drama.” 

Os menos versados na obra de Rodrigo Amarante lembrar-se-ão de “Tuyo”, a música da série Narcos da Netflix. Ou do álbum Little Joy. Talvez fiquem surpreendidos com os seus créditos na autoria de canções de Gal Costa, Norah Jones e Gilberto Gil. É possível que o tenham visto a tocar ao vivo com o super grupo brasileiro de samba Orquestra Imperial. Mas é sobretudo provável que se lembrem dele na mítica banda carioca indie Los Hermanos. Já para os que acham que conhecem tudo sobre Rodrigo Amarante, “Drama” vai trocar-lhes as voltas. 

Nascido no Rio de Janeiro em 1976, Rodrigo Amarante aponta dois incidentes no seu passado que tiveram repercussão direta nas suas composições: uma doença infantil que o fez (e faz) valorizar a beleza de uma segunda chance; e o momento em que o pai (com o seu consentimento relutante) lhe cortou os longos cabelos, numa tentativa de descarregar todo o drama e sensibilidade da sua jovem cabeça. “Vestir-se como forma de revelar, em vez de vestir-se discretamente, é esconder, isso é Drama”, diz. 

"Uma ferramenta. Fazendo cócegas na memória para a confissão, vendo através dos olhos de uma máscara. Espreitar no espelho que está desempenhando um papel. Isso não é algo que eu tenha seguido, mas uma realização póstuma, algo que me seguiu, como sempre acontece. Essas músicas foram os instrumentos para realizá-lo, não o contrário. ” 

“Drama” começou a tomar forma no final de 2018, com a banda de Rodrigo Amarante - “Lucky” Paul Taylor na bateria, o baixista Todd Dahlhoff, Andres Renteria na percussão e Amarante na guitarra. Ao longo do processo de composição e gravação em 2019, algumas músicas foram retiradas do fundo das gavetas e outras ideias surgiram. No início de 2020, com o álbum ainda por terminar, a pandemia obrigou Los Angeles a um lockdown e Rodrigo Amarante viu-se sozinho, aproveitando para adicionar overdubs e misturar as canções com Noah Georgeson, embora os dois nunca estivessem na mesma sala. Sem surpresa, o isolamento acabaria por ditar o som do álbum. 

O bloqueio e a limitação produziram ótimas ideias. Comecei o álbum querendo focar no ritmo e na melodia, abandonar aquelas ricas progressões de acordes e modulações que herdei do Brasil e ser mais direto por um tempo. Enquanto escrevia, percebi que havia um gatilho para mim naquela tentativa, uma sombra do garoto de cabeça raspada que eu deveria ser, sugando-o. Em vez disso, abracei as complicações que herdei. ” 

"Drama” termina com o piano e a voz de Amarante em “The End”. “Viver é cair” e perguntamo-nos: depois de todas as turbulências emocionais por que passou, será alguma mensagem de despedida? “Tudo vai bem”, responde Rodrigo Amarante. “Sussurrando. Você fica mais alto assim, as pessoas respondem melhor a um convite ”, e acrescenta: “Encarar o absurdo permanecendo gentil, estando aberto aos dons da confusão; é por isso que criamos essas ferramentas que são histórias e músicas, para nos ajudar a ver uns aos outros.

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