A paisagem açoriana é feita de contrastes, declives e assimetrias. Neste espaço encostado ao imenso mar, a melhor forma de observar o tangível e o abstrato é de um ponto alto, de elevado horizonte: o miradouro. Frequentemente ponto de interesse e de visita rápida para o viajante, este serve também ao residente, numa perspetiva mais lata, como espaço de contemplação e catarse que confirma a vastidão e a clausura insular.
Música Para Miradouros, o novo longa duração dos PMDS (a dupla de eletrónica açoriana que junta Pedro Sousa e Filipe Caetano), é não só a reinterpretação das antagonias características da insularidade, mas também um reclamar desses espaços. Libertador e celebrativo, introspetivo e melancólico, o disco foi gravado, ao vivo e num só take, em 4 espaços naturais da ilha de São Miguel nos Açores - Castelo Branco, Vale das Lombadas, Pico dos Bodes e Sete Cidades.
Procurando desenhar um retrato sonoro de um lugar e momento, cada uma das quatro sessões foi gravada diretamente para um two-tracks, sem possibilidade de edição posterior, servindo como um postal sonoro que vive dos pequenos fatores que contribuíram para esculpir aquele modelo sonoro específico. O acordar de madrugada, a gestão da meteorologia e do vento, o transporte de instrumentos e de gerador e cada detalhe da produção fazem parte deste resultado final. Tanto quanto a paisagem circundante.
Música para Miradouros é editado no dia 22 Maio via Marca Pistola - a editora açoriana que se tem dedicado a dar palco aos novos artistas do arquipélago. A par da edição vinil com os temas, o LP conta ainda com 4 vídeos da autoria da Cactus que regista Ouçamos os Açores dos PMDS. Já esta sexta-feira, 19 de Abril pelas 21 horas, o grupo leva a sua eletrónica contemplativa até ao palco do Maus Hábitos, no Porto.
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