A aclamada mestre da guitarra portuguesa Marta Pereira da Costa lança hoje o seu muito aguardado segundo disco. Uma edição de autor, “Sem Palavras” traz uma valiosa conversa entre a artista e o pianista cubano, vencedor de um Grammy Latino, Iván Melon Lewis. Dois universos distintos que, neste trabalho, cruzam e aproximam linguagens. E mais uma aposta de Marta na ligação do seu instrumento e do fado a outros géneros musicais, como o jazz, que agora eterniza nas 12 faixas.
Gravado em Madrid, no estúdio Cezanne Producciones, por Javier Monteverde, “Sem Palavras” é interpretado e produzido na íntegra por Marta Pereira da Costa e Iván Melon Lewis, à exceção do tema “Primeiro Passo”, com piano de Alexandre Dinis. E consolida o percurso da guitarrista, depois de oito intensos e ricos anos de estrada que a levaram a tantos lugares no globo, com destaque para a actuação, no final do ano passado, no programa Tiny Desk, da rádio pública norte-americana NPR Music, cujo vídeo se aproxima de um milhão de visualizações.
No álbum que considera de afirmação, Marta apostou num formato reduzido e numa atmosfera intimista, onde a guitarra sobressaísse. “Achei que faria todo o sentido juntar os dois instrumentos que me são mais familiares e continuar a abrir portas”, explica. “A ideia de juntar um pianista cubano, não perdendo a identidade da guitarra portuguesa, mas criando novas pontes, achei que seria o próximo passo a dar.”
O diálogo mágico e a empatia criados com Melon Lewis ocupam-se de composições originais da guitarrista, da festiva “Dia de Feira” (o single de avanço) à melancolia de “Memórias”, “Tempo Parado” e do tema-título. Mas também ganham expansão nas revisitações de peças notáveis do universo do fado, como “Um Homem na Cidade”, de José Luís Tinoco (celebrizado por Carlos do Carmo), “Além-Terra”, de Mário Pacheco (um dos mentores de Marta) ou “Verdes Anos”, de Carlos Paredes, que, neste longa-duração, partilha emoções com o popular standard do jazz de George Gershwin, “Summertime”.
Neste seguimento, apresentam-se ainda referências do universo pianístico trazidos para o vocabulário da guitarra portuguesa: “Tom Waits”, de António Pinho Vargas” ou “Aranjuez & Spain”, momento do longa-duração onde interpretam a obra Joaquín Rodrigo e Chick Corea.
Sem comentários:
Enviar um comentário