Apresentaram-se sem meias medidas nem aviso prévio com “Ser Português”, single que inusitadamente se disseminou TikTok fora e deu a conhecer os rostos de Afonso Branco e André Ivo. Mas uma só canção não bastou para lhes decifrar a declaração de intenções. Da paródia ao saudosismo, ficcionaram-se segundos sentidos sobre uma canção tudo menos ambígua.
Veio, então, a “Canção da Rua”, simbolicamente lançada no advento da comemoração dos 50 anos de Revolução, cantiga inequivocamente abrilista e, nessa medida, bem mais inconformada.
Se em “Ser Português” os subtis subterfúgios ainda concediam margem para dúvidas aos menos convictos, “Canção da Rua” veio confirmar essa primeira impressão de forma bem mais clarividente, apesar das incertezas que exprime.
Serviu a rua de metáfora para denunciar que a “dita dura”, num segundo e derradeiro passo rumo a Manifesto do Jovem Moderno — título do álbum de estreia dos Miss Universo.
Ainda pelo caminho, revelaram “Estamos Entregues aos Bichos”, terceiro single e terceira faixa do disco que agora editam pela Virgin Music Portugal, um trabalho que já vinha a ser desvelado em palco nos últimos meses.
Composto por oito canções, Manifesto do Jovem Moderno expõe no seu esplendor o casamento entre a tradição e a vanguarda, num cruzamento entre velhos ritmos e novas melodias; uma janela sonora aberta ao cancioneiro revolucionário com a dose certa de contemporaneidade.
E composto, por sua vez, em primeira instância, a quatro mãos e duas cabeças, que ao longo das canções se vão multiplicando quer noutros instrumentos, quer em novas vozes.
Em palco, como já tem acontecido vezes sucessivas desde que inauguraram o primeiro tema, trazem consigo alguns desses músicos que os ajudaram a dar corpo a estas oito cantigas, em breve todas elas apresentadas onde pertencem: dias 15 e 23 de Novembro marcam as datas de apresentação de Manifesto do Jovem Moderno, no Musicbox (Lisboa) e nos Maus Hábitos (Porto), respetivamente.
“Para mim, não é entretenimento, não é um espetáculo; para mim, há ali uma coisa diferente”, confessava Afonso Branco, em entrevista ao Rimas e Batidas, acerca da forma de estar da dupla nos palcos. “É sobre responsabilidade”, acrescentava o parceiro André Ivo. Designadamente, a responsabilidade de concretizar, na forma e na essência, os desígnios de Manifesto do Jovem Moderno, o primeiro disco do resto destas duas vidas.
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