Nascido nos vales do Douro entre o rio
e montanhas, Lachado é um viajante
sonoro que tece melodias, fundindo
tradição e modernidade. A sua música,
reflete sinceramente o seu íntimo,
expressando estados de espírito
através de contrastes melódicos únicos.
Inspirado por uma diversidade de
géneros e artistas, Lachado busca
constantemente novas sonoridades. Cada composição é um convite
enigmático e sincero do seu íntimo
para que o ouvinte mergulhe nas
próprias emoções e histórias.
Depois de Barriga aos Gritos, onde explorava as dores internas
com visceralidade poética, Lachado regressa com uma canção de
contornos mais serenos. Escrito durante umas férias de Verão no
Cercal do Alentejo, o tema é um retrato sensível de um momento
vivido, capturado e transformado em música.
Naquela noite, depois de jantar, Lachado regressou ao hotel onde
estava hospedado e sentou-se numa cadeira de vime na varanda.
O calor do dia ainda pairava no ar, mas o silêncio e o frio
começava a instalar-se. Lá ao longe, ouviam-se sinos. Iam tocando
em diferentes compassos, por vezes mais perto, por vezes mais
longe, trazidos pelo vento. Eram as meninas a regressar a casa.
Essa imagem – as meninas a ir para casa – repetia-se no
pensamento como um eco, como um refrão que não se esquece.
À medida que o corpo se entregava ao cansaço, e as náuseas do
jantar começavam a dissipar-se, o tempo parecia dilatar-se.
Sentado, dormente, Lachado olhava o céu estrelado e sentia-se
observado por essas luzes distantes. O lençol estendido tornava-se
metáfora para o sono, o fim do dia.
Todas as Meninas é uma narrativa simples, cheia de detalhes e
camadas. É sobre o som, o corpo, a observação, a passagem do
tempo e a beleza que habita nos momentos em que aparentemente
nada acontece.
As guitarras são de Ricardo Gordo, a mistura de Luís Días e a
masterização de Clara Araújo.

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