28/05/2008

RAQUEL TAVARES | Discurso Directo

Depois de uma ausência, as entrevistas voltam a este espaço. Hoje em Discurso Directo temos Raquel Tavares, a jovem fadista que lançou recentemente o seu novo trabalho, "Bairro". Raquel Tavares vive onde o seu fado mora, no coração de Alfama. O Portugal Rebelde esteve à conversa com a fadista para conhecer o "Bairro" que lhe molda a voz de menina. Canta desde muito nova, mas assegura-nos que foi o Fado que a descobriu.
Portugal Rebelde - Desde quando começou a cantar Fado?
Raquel Tavares - Canto fado há 17 anos e comecei naquilo a que se chama de fado amador e que as pessoas conhecem habitualmente por fado vadio. Como não gosto da expressão prefiro chamar fado amador.
PR - A Raquel Tavares canta no tema de abertura deste novo disco "Lisboa, meu amor Lisboa". "Bairro" é uma declaração de amor a Lisboa?
RT - De alguma maneira sim. Lisboa é uma das grandes paixões da minha vida, é uma das minhas grandes inspirações, e eu fiz alguma questão que estivesse presente neste disco toda a influência que a cidade tem em mim, enquanto mulher e enquanto fadista.
PR - Se a Raquel Tavares não vivesse num bairro típico de Lisboa (Alfama), era possível fazer um disco como este?
RT - Essa é uma pergunta à qual não sei responder. O que consigo dizer é que independentemente do bairro onde vivo ou do bairro em que cresci, seria sempre um disco com um conceito tradicional.
PR - A Raquel canta neste novo trabalho o que vê, sente e cheira à sua volta, o que vive diariamente?
RT - Muito. Está muito presente o meu dia-a-dia, as pessoas com quem me cruzo, o cheiro e as cores da minha cidade. Depois também canto um pouco do meu percurso no fado. Os sítios por onde passei, as pessoas que conheci, o fado e os fadistas, a noite, etc…
PR - Apresentou no passado dia 7 de Maio este "Bairro" no Teatro da Trindade em Lisboa. Como é que o público sentiu as canções deste novo disco?
RT - Acho que sentiu como eu as senti, que é o melhor que pode acontecer a quem canta. É conseguir com que, aqueles que nos ouvem, sintam as nossas emoções como se fossem as suas. Foi muito mágico trazer todas aquelas pessoas a conhecerem o meu “Bairro”.
PR - A Raquel Tavares venceu em 2006 o "Prémio Revelação Amália Rodrigues". Sente que este prémio lhe trouxe maiores responsabilidades enquanto fadista?
RT - Receber o Prémio foi uma grande surpresa porque nem sequer me passou pela cabeça tal coisa. Foi importante porque me trouxe alguma visibilidade, que é sempre a oportunidade que tenho de fazer chegar o meu fado a mais algumas pessoas. A única responsabilidade que senti foi que teria que continuar a dignificar o fado que defendo, porque foi esse fado que me deu esse prémio.
PR - Foi a Raquel Tavares que descobriu o Fado, ou foi o Fado que descobriu a Raquel Tavares?
RT - Definitivamente, eu não escolhi o fado, foi o fado que me escolheu a mim.

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