30/11/2008

DESBUNDIXIE | Discurso Directo

Hoje viajamos pela "Dixieland" tendo como guia para esta viagem Pedro Santos, voz e banjo do projecto Desbundixie. “Kick’n Blow”, o primeiro álbum do grupo chegou em 2007. Durante o ano que agora chega ao fim, mostraram que o jazz é também alegre e divertido e, na vertente dixieland, essencialmente popular.
Portugal Rebelde - Antes de mais, como e onde nasceu o projecto Desbundixie?
Pedro Santos - Nasceu em Leiria. Há cerca de 8 anos descobrimos o Dixieland e desde logo ficámos fãs desta musica alegre e desconcertante. Decidimos partir para um projecto que fosse para alem da nossa formação clássica. A partir daí surgiram os ensaios, workshops, os primeiros concertos, e tudo foi evoluindo naturalmente até hoje. Tem sido excelente poder saber que também contribuímos para que outras pessoas conheçam e gostem de Dixieland.
PR - Quais são as grandes influências musicais do grupo?
PS - É um pouco relativo falar nisso, pois vamos buscar influencias a tudo o que ouvimos e aprendemos na nossa formação como músicos, mas creio que a maior influencia que o grupo tem são nomes como Louis Armstrong, Bix Beiderbeck, Kid Ory, Bunk Johnson, e muitos outros músicos que "inventaram" e espalharam este estilo musical desde New Orleans para o mundo. Claro que cada um de nós tem os seus ídolos e somos influenciados por eles, alguns deles grandes nomes do jazz contemporâneo, o que é natural, já que o Jazz como o conhecemos nasceu a partir do Dixieland.
PR - Em 2007 editaram o vosso disco de estreia "Kick´n Blow". Foi longo o caminho até chegarem à gravação deste disco?
PS - A certa altura, e depois de percorrermos todo o país com concertos, animações, e outros projectos, sentimos que devíamos partilhar o nosso gosto pelo Dixieland com o publico em geral, que não tem conhecimento deste estilo musical, e a melhor maneira seria a edição de um álbum. Foi um trabalho difícil de programação, ensaios, gravações, trabalhos de edição, e a posterior divulgação, mas que nos encheram de orgulho não só com o trabalho final, mas acima de tudo com o reconhecimento que temos tido por parte do público. Surpreendentemente a partir do momento em decidimos gravar até á conclusão dos trabalhos, foi um trabalho de cerca de 3 meses, pois tudo se desenrolou muito bem.
PR - Durante o ano de 2008 tiveram a oportunidade de apresentarem o álbum "Kick´n Blow" em alguns festivais de Jazz. Como é que público tem reagido à música dos Desbundixie?
PS - Não só este ano mas nos últimos anos participámos nas maiores salas de Jazz do país, não só em festivais mas também em clubes de jazz, e mesmo sabendo que estamos perante um público conhecedor da musica Jazz e da sua diversidade conseguimos ser surpreendidos com as pessoas que nos vêm cumprimentar e agradecer pelo concerto. Além disso é um tipo de público é muito mais rigoroso e exigente, o que nos enche de maior orgulho. Prova disso são as vendas do nosso primeiro álbum, que já vai na segunda edição, mesmo sem as estruturas de divulgação e marketing como outros álbuns têm e isso demonstra o sucesso da nossa música.Também tivemos a oportunidade de tocar para público que pura e simplesmente não conhece Jazz ou tem alguns preconceitos em relação a este tipo de música, e já nos aconteceu virem ter connosco e dizer: "por causa de vocês fiquei a gostar de Jazz"...isso ainda nos motiva a trabalharmos ainda mais para chegar ao máximo de pessoas possível.
PR - No vosso álbum de estreia optaram por gravar temas já "consagrados" por outras vozes. É este o caminho que pretendem seguir ou num próximo trabalho já teremos mais originais dos Desbundixie?
PS - Neste álbum temos apenas um tema original mas esta situação não é natural neste tipo de projectos, pois estamos a falar de um estilo que teve a sua génese sobretudo nos blues e espirituais negros nas comunidades de escravos de New Orleans nos finais do séc. XIX, e muitas das músicas permaneceram durante todos os anos e são reorquestradas consoante os seus interpretes, e é por isso que todas as musicas são diferentes, até mesmo de concerto para concerto. A escolha dos temas para este álbum foi feita de modo a apresentarmos temas de referencia do Dixieland, um pouco em homenagem aos seus autores e interpretes, sobretudo Louis Armstrong, Barbarin, La Rocca, entre tantos outros. O próximo álbum terá sobretudo temas de referência também mas terão novas surpresas...mais não posso adiantar, mas está tudo a ser programado.
PR - A música dos Desbundixie vem provar que o Jazz pode ser uma Festa?
PS - Sem dúvida! não são raros os concertos em que as pessoas saltam da cadeira e dançam, outras a timidez não lhes permite...mas a melhor maneira de o provar é assistir a um dos nossos concertos.
PR - Para terminar uma curiosidade. A que se ficou a dever a escolha do nome Desbundixie para este projecto?
PS - O nome surgiu um pouco por acaso, aliás como todos os grandes nomes. Foi mesmo uma questão de minutos até juntar as palavras Dixie e Desbunda, que no fundo resume a nossa música. É quase uma imagem dos nossos concertos e da nossa maneira de ver o dixieland: uma desbunda musical desde o primeiro minuto!

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