Ao longo dos últimos anos, Jorge Palma foi finalmente compreendido por aquilo que é: um magnífico escritor de canções capazes de unir muita gente à volta de uma mesma emoção traduzida em música.
Nada disto seria de esperar face ao percurso de Jorge Palma: aluno brilhante de piano na infância, integrante dos Sindikato, grupo pioneiro do jazz-rock em Portugal no início da década de 70, arranjador e orquestrador para gente como Amália Rodrigues ou Rui de Mascarenhas e compositor de publicidade durante os anos 70, músico de rua em Paris no final dessa década, e autor de álbuns em nome próprio bem recebidos pela crítica mas que, por esta ou aquela razão, nunca obtinham o reconhecimento comercial que mereciam.
Foi necessária a tal “travessia do deserto” para se perceber o tesouro que existia no songbook de Jorge Palma. “Dá-me Lume”, “Deixa-me Rir”, “Bairro do Amor”, “Canção de Lisboa” ou “Frágil” tinham sido êxitos de rádio, mesmo que não de vendas; mas canções menos evidentes como “Terra dos Sonhos”, “Portugal, Portugal”, “A Gente Vai Continuar”, “Jeremias o Fora-da-Lei”, “Minha Senhora da Solidão” ou “Acorda Menina Linda” tinham-se tornado em verdadeiros hinos.
E, agora, a nova escala de estúdio, “Voo Nocturno” traz o improvável: 12 clássicos em 12 temas, gravados com a sua banda "Os Demitidos".
O título vem do romance que Antoine de Saint Exupéry (o autor do “Principezinho”) publicou em 1931 inspirado pelas suas experiências na aviação postal na América Latina.
E faz todo o sentido que assim seja: em comum, o escritor e o compositor têm a capacidade de traduzir em palavras simples emoções complicadas e de sonhar com o apelo da estrada - aérea ou terrestre.
18 de Abril - Centro Cultural Vila Flor, Guimarães (22.00h)
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