No dia em os Xutos & Pontapés encerram no Estádio do Restelo, em Lisboa, a Tour "30 Anos à nossa Maneira", o Portugal Rebelde, foi conhecer a "Marca X ", um livro da autoria de Fernando Barros e Sílvia Pouseiro. No livro "A Marca X", os autores cruzam temas - como a Inovação, o Empreendedorismo e a Fidelização - com o percurso dos Xutos & Pontapés durantes estes 30 Anos, e o seu espírito Rock n´Roll.
Portugal Rebelde - A "Marca X", é um tributo aos Xutos & Pontapés, em tempo de aniversário?
Fernando Barros/Sílvia Pouseiro - Sim, A Marca X é de facto um tributo aos Xutos & Pontapés, que atingiram uma idade (30 anos) que muitas marcas de diversas áreas e indústrias não conseguem ou conseguiram alcançar.
PR - Inovação, Empreendedorismo e Fidelização, foram os "segredos" para o êxito dos Xutos & Pontapés ao longo destes 30 anos?
FB/SP - Julgamos que sim. Inovação, porque os Xutos & Pontapés souberam durante estes 30 anos ajustar a sua mensagem às sucessivas transformações que foram ocorrendo na indústria musical. Inclusivamente, a banda desde o início da sua carreira manteve-se sempre actualizada. É por isso que a própria história do rock nacional se confunde, a partir da década de 80, com a própria história dos Xutos. Empreendedorismo, de forma que o rock n’ roll fosse o seu modo de vida, a sua profissão, o que é lógico, já que é uma área em que se sentiam perfeitamente habilitados, obtendo inclusivamente a carteira profissional de músicos em 1981. E fidelização porque o crescimento sustentado dos Xutos deve-se essencialmente ao facto de terem construído e mantido um percurso com e para os seus fãs.
PR - Como se explica a forte ligação do público à música dos Xutos & Pontapés?
FB/SP - Essencialmente, porque a imagem percepcionada não se afasta da imagem real da banda e isso traduzido numa única palavra significa: autenticidade, o que é importantíssimo para a sobrevivência e desenvolvimento de uma marca. Isto sobretudo num contexto em que se assiste actualmente a uma autêntica fragmentação na comunicação das mais diversas marcas/bandas.
PR - A carreira dos Xutos & Pontapés é um bom exemplo de uma Marca?
FB/SP - O caminho que os Xutos fizeram é sem dúvida um exemplo para uma marca e para qualquer pessoa. Não nasceram na grandeza mas em contrapartida a vontade em singrar era enorme. Aquela história logo no inicio da carreira dos Xutos, já no final de um concerto, em que o Kalú estava com o Zé Pedro em cima do palco, e que disseram, antes de adormecerem, que ainda haviam de tocar com os Rolling Stones, o que aconteceu cerca de 25 anos depois é bem revelador da fibra destes gestores da Marca X.
PR - "E as forças que me empurram e os murros que me esmurram, só me farão lutar...à minha maneira". Em tempo de crise, é esta a "fórmula" para vencer?
FB/SP - Nos dias de hoje não há ninguém que não se queixe da situação actual. Mas são poucos os que lutam para inverter as suas próprias adversidades. A história dos Xutos & Pontapés oferece muito mais do que música. Os Xutos demonstram que os obstáculos fazem parte de um caminho que queremos percorrer, de metas que queremos atingir. E que virar costas a esses problemas com os quais nos deparamos é sinal de virarmos costas aos nossos objectivos. É por isso que os Xutos por cá continuam há 30 anos, cumprindo também o papel das grandes marcas fazendo-nos sonhar e acreditar que é possível, independentemente das forças que nos empurram e dos murros que nos esmurram.
PR - Qual é a música dos Xutos & Pontapés que escolhiam para banda sonora da "Marca X"?
FB - «Porque eu sei», tem uma letra fantástica do Zé Pedro, simples e directa. Mas têm um reportório muito vasto e há muitas músicas que podiam servir de banda sonora.
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