30/10/2009

DIABO NA CRUZ | "Virou!"

Depois do EP "Dona Ligeirinha", os Diabo na Cruz voltam a surpreender-nos com o tão aguardo disco de estreia - "Virou!".

Diabo na Cruz nasce em 2008. Uma nova geração de músicos e escritores de canções, de ideários tangentes, tinha-se aproximado de Jorge Cruz – e vice-versa.
João Coração pediu-lhe orientação para um primeiro disco, Tiago Guillul e Samuel Úria convidaram-no para espectáculos dos Ninivitas e Manuel Fúria levou-o a produzir Os Golpes.
Relembra ainda concertos em grupo no Arcaz Velho, em Alfama, onde encontrou Bernardo Barata (Feromona), recorda a presença de João Pinheiro (TV Rural) na banda de Coração e reconhece uma génese em trio para novas soluções ao nível da sua produção: “a ideia era deixar tudo sair rápido, naquela ‘corrente de consciência’ beat que serviu de inspiração ao Dylan mais torrencial.
Mas descobri no processo que o que me habitava eram os vinis do meu pai… O "Pano Cru" e o "Salão de Festas" do Sérgio Godinho, o "Romances" e "Os Malteses" do Vitorino, o "Pois Canté" do GAC, o "Histórias de Viajeiros" e o "Por Este Rio Acima" do Fausto, o "Coisas do Arco da Velha" da Banda do Casaco, o "Com As Minhas Tamanquinhas" e o "Cantigas do Maio" do Zeca Afonso”.

A partir daí embarcou numa aventura de regras desconhecidas. Até que, no Outono de 2008, o Diabo na Cruz se encontrou.
A chegada de B Fachada permitiu incorporar mais harmonizações vocais, reconduzindo parte da empreitada até à música de recolha, à tradição oral. João Gil (V. Economics) veio satisfazer uma obsessão pessoal de Cruz com o "This Year's Model", de Elvis Costello.
Os adufes foram-se envolvendo com guitarras eléctricas, o punk-funk sincronizado com um teclado meio-Steve Nieve meio-Pop Five Music Inc., os ritmos alimentados a barras energéticas, enfim, nada de muito convencional mas perfeitamente de acordo com o percurso de Cruz.
Desenvolvido nas margens da indústria, conta mais de 15 anos com 6 discos editados, todos eles algo diferentes, algo interessantes, algo desacertados.
Haverá muito boa gente a defini-lo como alguém que esteve no lugar certo à hora errada. As leis do anacronismo são duras mas parecem finalmente sorrir-lhe.
“O disco tem na presença do Vitorino um forte simbolismo; ele serve de ponte entre duas margens que viveram separadas durante mais de trinta anos: a da Música Moderna Portuguesa, que acabamos em parte por representar, e a da Música Popular Portuguesa, que tem sido muito mal engavetada na época revolucionária.
Há muito que a nossa música carece de um Tropicalismo que venha emancipar-nos e unir-nos, que junte o génio de José Afonso ao de António Variações, sem fronteiras.
O Diabo na Cruz escolhe a História da Música Popular Brasileira como exemplo e a música anglo-saxónica como influência incontornável. Acredito que existam muitas outras maneiras de convidar a Música Moderna Portuguesa a encontrar-se com a sua raiz. Pois que venham elas!”.

www.myspace.com/diabonacruz

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