18/03/2010

ANTÓNIO CHAINHO | "Lisgoa"

«Parece sempre que não há mais nada para fazer – mas há». Quem o diz é Mestre António Chainho, que quase sem querer resume numa frase a sua longa carreira e a vontade que a motiva.
De facto o mundo parece não chegar para o homem que fez da guitarra portuguesa o seu amor e a sua missão.
Depois de acompanhar os grandes fadistas do seu tempo, António Chainho sentiu a necessidade de afirmar o que lhe estava na alma e não se podia limitar ao fado. Nessa altura, tomou a decisão corajosa de se lançar como solista; e hoje só podemos estar agradecidos por isso.
"Lisgoa", o novo disco e projecto de Mestre Chainho é mais uma escala no mapa dos afectos que o guitarrista tem desenhado no planeta. Desta vez viajou para a Índia e encontrou cumplicidades e diferenças que quis trazer para o seu mundo musical e partilhá-lo connosco.
Os cúmplices nesta aventura não poderiam ser melhores: para as colaborações vocais indianas, Lisgoa conta com dois cantores consagrados no seu país: Sonia Shirsat e Remo Fernandes, que cantam em Concanim, dialecto goês com muitas contribuições do português; para os temas cantados em Hindi, há a espantosa voz de Natasha Lewis; e para a ponte portuguesa, Mestre Chainho conta com Isabel Noronha, companheira de aventuras musicais anteriores e que garante a alma fadista nesta longa viagem.
Tiago Oliveira na guitarra clássica, Paulo Sousa na sitar, Raimund Engelhart nas tablas, Ruca Rebordão nas percussões, Rodrigo Serrão no contrabaixo, Mohamed Assani nas tablas e sitar, Marc Rapson nos sintetizadores e Carlos Barreto Xavier (que produziu, assegurou a direcção musical e toca teclados e piano) completam a equipa de músicos-viajantes que fizeram nascer Lisgoa.
Depois do Brasil e de África a guitarra portuguesa passa pela Índia, num casamento perfeito entre o sagrado e o profano, entre a lágrima e a festa.
O ponto de partida e de chegada desta viagem é universal, como há muito António Chainho nos tem mostrado: esta jornada começa e acaba na alma. E nesse aspecto, Lisgoa é um dos mais belos descobrimentos.
18 de Março -Lisboa, Auditório do Montepio (18.30h)

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