21/04/2010

PEDRO ABRUNHOSA | Casa da Música

Agora, em 2010, depois dos milhares de espectáculos e de discos que se cruzam num currículo singular, parece disposto a algo que se aproxima de um recomeço radical.
Precisou de juntar os actos à predisposição de não se acomodar. Mudou de companhias, da equipa técnica aos parceiros musicais.
Mudou os nomes – entram em cena os Comité Caviar. E, sem medos nem preconceitos, mudou de som. Ou seja: mesmo antes de começar a ser ouvido, este já é um disco de estrada, de caminhos, de aventuras temerárias, de novas histórias.
Pedro Abrunhosa é um homem entusiasmado com o novo ciclo. Fala da fuga à “apropriação da sua personalidade artística”.
Usa palavras como “visceral”, “orgânico”, “divertimento” e, sobre todas as outras, “paixão”, enquanto se ouvem guitarras que não se lhe conheciam e enquanto o velho órgão Hammond (dos anos 50, nem menos) vai marcando as canções.
Continua a referir os seus nomes de refúgio – Miles Davis, John Coltrane, Mahalia Jackson, Frank Zappa – e a não renegar a costela europeia – Georges Brassens, Serge Gainsbourg, José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto – mas deixa escorrer os valores acrescentados que, se quisermos chegar a tal preciosismo, lhe servem de padrinhos para ir “Longe”: Bob Dylan, Leonard Cohen, Johnny Cash, Bruce Springsteen, Tom Petty, Bob Seger e John Mellencamp, sem nunca esquecer Tom Waits.
Fala no som de T-Bone Burnett, que poderia ter sido o produtor do disco. Não foi preciso: o próprio Pedro e João Bessa – vão fixando o nome, s.f.f. – deram conta do recado. De tal forma que “Longe” é fresco e revigorante, sem perder corpo, energia e sabores perenes.
02 de Maio - Casa da Música, Porto (22.00h)

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