Ao segundo registo, Yolanda Soares, assume "Metamorphosis", um disco inovador, original e sumptuoso. Há uma nova era para esta "guerreira", que continua a ter na guitarra portuguesa a "alma" do seu trabalho, cada vez mais global.
Portugal Rebelde - "Metamorphosis", é o nome do seu segundo trabalho. Que transformações podemos encontrar neste 2º registo?
Portugal Rebelde - "Metamorphosis", é o nome do seu segundo trabalho. Que transformações podemos encontrar neste 2º registo?
Yolanda Soares - Neste
novo trabalho já não incluí temas de fado e sim temas totalmente
originais. "Metamorphosis" é um trabalho igualmente inovador, original,
belo e sumptuoso mas numa direcção diferente do primeiro trabalho. Mais
rock sinfónico, mais pop, clássico também e ainda mais jovem e
irreverente. É uma verdadeira transformação que reflecte a nova era. A
era da transformação. Necessária. Inevitável. Um trabalho que fala de
Portugal e encontra na alma portuguesa inspiração para viajar por
diversas influências. Não se prende a conceitos tradicionalistas.
Arrisca. Pertence ao Mundo. É um trabalho Global. Assente nas emoções de
todos nós e na história lusitana demonstrando o outro lado de ser-se
português. Um lado mais inovador, contemporâneo e ligado ao mundo.
Recebi neste trabalho influências que me tornam uma cantora de fusão de
estilos. Parti em busca de um caminho diferente. Que me identifique como
portuguesa mas que me distinga de conceitos repetitivos e muito usuais.
Por isso consideram o meu novo trabalho demasiadamente internacional.
Porque o que é Nacional não pode ser diferente do usual. Curioso não?
PR - Em "Music-Box (Fado
em Concerto"), o seu primeiro trabalho, a Yolanda Soares revela-se uma
artista versátil utilizando as suas raízes como inspiração para um
trabalho inovador fazendo uma fusão entre o Fado, música clássica e
electrónica. Neste segundo trabalho, encontramos uma autêntica
transformação estilística tocando agora o rock sinfónico. É assim
Yolanda Soares?
YS - Sim,
se quisermos identificar com um nome, ou estilo musical. Apesar de eu
considerar que este álbum "Metamorphosis" é mais que simplesmente rock
sinfónico. Até porque não sou nem nunca fui consumidora de rock
sinfónico apesar de achar muito interessante. Também costumam apelidar
este trabalho de rock progressivo pois é um trabalho algo épico e com um
conceito e mensagem bem definidos assemelhando-se a bandas como Genesis
ou Pink Floyd pela parte mais conceptual do que musical. Inclui
inúmeras influências não tendo um ritmo constante em alguns dos temas.
No mesmo tema, tanto sou suave e doce na voz e na abordagem musical,
como logo a seguir me transformo em algo muito mais forte e potente,
quer na voz como na música. São extremos que se completam e se adoram.
Aqui podemos ouvir inúmeras influências. Há quem me diga que pareço a
Tarja Turunen, Enya, Within Temptation, Evanescence ou mesmo Bjork…e
muito mais que agora não me lembro. Existem estrangeiros que acham a
minha música algo celta, medieval, étnica e épica também e que tem algo
de Cirque du Soleil (talvez pelas letras e fantasia que gosto de incluir
nos meus trabalhos). Muito cinematográfica. Enfim, existem muitas
opiniões porque de facto existe um mundo neste trabalho. É um trabalho
global, muito ligado ao mundo e ao universo. Tem algum misticismo
inerente. Mas, e apesar de todas as opiniões, eu considero que este
trabalho tem como base a alma portuguesa numa descoberta global. Ouve-se
a guitarra portuguesa em alguns temas que falam exactamente de Lisboa e
do mar português. Mas ouvem-se temas que pertencem a outros lugares,
outras terras...ao mundo. E é principalmente um trabalho que pretende
ser belo, envolvente, impactante e surpreendente. É um trabalho muito
emotivo.
PR - Numa frase - ou talvez duas - como caracterizaria este "Metamorphosis"?
YS - Nova Era.
PR - Qual tem sido o "feedback" do público, em relação às novas canções de "Metamorphosis"?
YS - Linda.
Emotiva também. Tenho notado que o meu tipo de publico é muito ligado a
diversos tipos de artes como pintura, poesia, fotografia, dança,
música. Engraçado este aspecto. Há uma grande sensibilidade no meu tipo
de público. Fãs com talentos noutras áreas. Que gostam do meu trabalho
porque talvez identifiquem nele a abrangência artística que tem. Acho
isto lindo pois eu própria me emociono com as mensagens que me enviam.
Sempre com uma grande emotividade e cheias de espiritualidade. Se calhar
por isso é que dizem que o meu trabalho, ou os meus trabalhos, são para
a elite. O que poderá ser verdade já que para mim a elite são todos
aqueles que gostam e apreciam arte bem feita. Que se interessam também
pela música que não se entrega à vulgaridade. Que procuram algo mais do
que aquilo que são quase "obrigados" a consumir pelos media que
constantemente nos invade de "lixo" comercial em prol de audiência
fácil. A elite é para mim o futuro mais interessante de Portugal.
Aqueles que querem mudar esta inércia cultural de poderes instalados que
recusam e esbarram caminho à novidade, à diferença, à vontade de
expressão mais arrojada e à qualidade. Se este trabalho pertence à
elite, e se a elite for esta de que falo então sim, pertenço a esta
elite. Não à outra que se julga muito competente e cultural mas que
constantemente nos obriga a consumir as mesmas fórmulas e conceitos e
cria um círculo quase impenetrável. Essa elite não é a minha já que eu
sou o tipo de cantora que rompe com "regras" e "códigos" daquilo que é
correctamente aceite como cultura. A cultura em Portugal não passa só
pelo Fado (na música). Passa sim por toda a expressão artística e
musical que a nova geração traz nos diversos géneros. Enfim, tenho tido um feedback extraordinário da Elite que penso será o futuro de Portugal.
PR - No dia 14 de Maio, tem inicio em Alcobaça, 7 espectáculos de apresentação deste novo trabalho. Que "segredos" vamos poder ver e ouvir nestes concertos?
YS - Segredos
Abertos deste álbum "Metamorphosis". Aqueles segredos que desvendamos na
Arte. Somente na Arte. Por isso escolhi as 7 artes para estes
espectáculos. E vou envolvê-las em cada um deles. Como? É segredo!
(risos). São segredos que vou desvendando a pouco e pouco. Vou
interpretar também alguns temas do meu trabalho anterior Fado em
Concerto mas de uma forma mais simples e intimista. Só assistindo ao
espectáculo poderão conhecer mais alguns dos meus segredos. Porque é nos
espectáculos que a minha alma fica mais despida e se transforma em algo
que não transparece na minha personalidade do dia a dia.
PR - A Yolanda
Soares define-se como uma mulher "guerreira, lutadora, intensa, e forte
de personalidade". É tudo isto que quer passar nos seus espectáculos?
YS - Também.
Porque quero de certa forma demonstrar que temos de ser fortes perante
as adversidades económicas, políticas, ambientais, sociais. Guerreiros.
Temos de participar mais, estar atentos, corrigir os erros que temos
vindo a cometer. Lutar por um mundo melhor. Quero que vejam em mim uma
personagem que não se conforma e não desiste, que se veste com armadura
para lutar. Que, mesmo "desenquadrada" daquilo que é habitual, pode
criar novos caminhos, novas mentalidades e então mover mais um pouco
este mundo onde vivemos, já que não podemos fugir dele de vez em quando
(risos). Acreditando que a nossa função é mesmo essa, de transformar
aquilo que já não está a resultar na forma como vivemos e pensamos. Já
percebemos, ou estamos agora a perceber, que não podemos continuar com
conceitos obsoletos. Há que ser arrojados, originais, provocadores
também. O mundo avança sempre que se provoca. E a arte é uma excelente
provocadora e motiva da forma mais bonita que conheço. Porque envolve.
Fascina. Emociona. Faz sonhar. Além de provocar, eu gosto de fazer o
público sonhar nos meus espectáculos. Gosto de transmitir mensagens
sérias da forma mais bela que consigo. Faço dos meus espectáculos uma
história, transformando-me em personagens um pouco ficcionais. Não
encaro a música nem um concerto musical como apenas temas que vou
interpretar. Encaro um concerto musical como uma mensagem, um poema, uma
coreografia, uma paisagem, um mundo, um sonho, uma vida. Chamem-me
desenquadrada que eu gosto! Aprecio muito até. Porque da forma como as
"coisas" andam eu faço até questão de me desenquadrar! (risos).
www.yolandasoares.com
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