29/05/2011

ATLANTIHDA | Discurso Direto

Os Atlantihda apresentam amanhã no cinema S. Jorge, em Lisboa o disco homónimo de estreia. O Portugal Rebelde convidou João Campos (guitarra acústica) e Frederico Pereira (produtor dos Atlantihda) para em "Discurso Direto" viajarmos à procura de "uma canção genuinamente portuguesa".

Portugal Rebelde - Este primeiro disco dos Atlantihda é uma viagem, que acaba por ligar a música de raiz tradicional e rural, com aquela que é a nossa música popular urbana: O Fado. Como é que nasceu a ideia deste projecto?

Frederico Pereira - Nasceu das experiências e viagens dos vários elementos do grupo e da necessidade crescente que sentíamos de concretizar uma ideia assim. Conversávamos sobre isso. Tínhamos um ponto de vista exterior sobre o nosso país. Eram esses os materiais que tínhamos e que mais ninguém no mundo tem, fazia sentido ser esse o nosso ponto de partida. Para além da ligação entre esses géneros de música portuguesa, fazemos também o cruzamento desses com várias influências de músicas de outras culturas. Reunidas estas ideias e dando início ao trabalho da criação dos temas originais, o projecto passou por várias fases, desde a reunião dos músicos que demostraram a verdadeira entrega que o projecto merecia e que trazem consigo as mais variadas técnicas e influências pessoais, até chegar o momento em que seria interessante assumi-lo com consistência e nesse sentido passar por todos os passos para chegar a um disco, um espectáculo e acima de tudo uma banda que é aquilo que somos agora.

PR - “Na Calma dos Teus Olhos”, foi o single de apresentação deste trabalho. Este é o tema que melhor define o espírito do álbum?

João Campos - Um single é um instrumento de promoção de um trabalho. Nesse sentido é o tema mais eficaz, pela sua duração e pela sua força acústica. O espírito do álbum talvez só se consiga definir em conjuntos de duas ou três músicas e podem ser sempre diferentes conforme as combinações. A cultura portuguesa, especialmente quando combinada com outras músicas, à semelhança do nosso povo, é muito rica, não se consegue definir numa palavra, nem numa música.

PR - Já tiveram a oportunidade de apresentar este disco no Hard Club, no Porto. Como é que o público recebeu as canções dos Atlantihda?

Frederico Pereira - Muito bem, nota-se uma entrega à música que nos emociona. É muito gratificante quando o nosso trabalho é apreciado por tantas pessoas diferentes. Vamos também apresentar o disco no dia 30 de Maio no São Jorge, em Lisboa.

PR - Numa frase apenas - ou duas - como caracterizaria este disco de estreia?

João Campos - “Uma Canção genuinamente portuguesa”.

PR - Para além dos originais dos Atlantihda, encontramos neste disco duas versões – “Meu Amor é marinheiro” e “Vou dar de beber à dor”. A que se ficou a dever a escolha destes temas?

Frederico Pereira - A decisão de incluir os dois temas  “Meu Amor é marinheiro” e “Vou dar de beber à dor”, surge da vontade de representar dois clássicos do fado e da música portuguesa com a nossa instrumentação e interpretação. Por exemplo, na nossa versão de “Vou dar de beber à dor”, interpretamos a letra com o sentimento nostálgico de quem revê um sítio que já não vê há muito tempo e que entretanto mudou muito. Depois desse desabafo só nosso, voltamos à interpretação habitual mais festiva que também faz sentido.

PR - Que sensações esperam que as pessoas retirem da audição deste disco?

João Campos - A alma do sentir português, em toda a sua diversidade, que é o que nós também sentimos.

PR - Para terminar, os Atlantihda, criaram como diz Hélder Moutinho, uma “Canção genuinamente portuguesa”?

Frederico Pereira - Somos portugueses e gostamos de canções. Sentimos que estamos a fazer um trabalho reflectido e também sentido. A certeza dessa percepção ou desse reconhecimento só o tempo pode trazer.

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