07/04/2016

CAPITÃO FAUSTO | “Capitão Fausto Têm os Dias Contados”


Os Capitão Fausto lançam o terceiro álbum no início desta primavera. “Capitão Fausto têm os dias contados” chega às lojas a 15 de Abril de 2016. O disco será apresentado ao vivo nos dias:  15 de Abril na Casa da Música (Porto) e 28 de Abril no Lux (Lisboa).

“Ao acabar de ouvir o que aqui está para ser ouvido, fiquei a pensar em Arthur Lee enquanto escrevia Forever Changes, de como vivia obcecado que a morte lhe estaria próxima e esse seria o último disco dos Love.

Perante a encruzilhada, perante a ideia da sua própria finitude, superou-se. Longe de estéticas ou comparações, este é um disco desses.

Quanto tempo temos de sonho até a realidade nos apanhar. Hedonismo, Escola ou trabalho. Ouvir os pais, fugir com os outros ou olhar para dentro.

Fiz-me adulto cedo, mas o soco que é o refrão da “Morro Na Praia”, levou-me de volta a esse momento, em que as decisões que tomamos parecem de vida ou morte e dizemos adeus a uma certa inocência. Há muito que uma canção não sintetizava tudo isto, machucando e sendo pop ao mesmo tempo.

Na demanda pela luz surge “Amanhã Tou Melhor”, onde encontramos um classicismo à Belle & Sebastian, nome que jamais associaríamos aos Capitão Fausto dos dois discos anteriores.

E que dizer dos trompetes bêbados de “Semana Em Semana”, a do fisco à porta e onde se desdenha a Comporta? Como não amar uma canção assim? Sei bem as vezes em que pensei na velha ceifeira, ao receber correio do Estado. Finalmente um hino à dor de quem passa recibos verdes com os dedos em sangue.

Em “Corazón”, imaginamos como soaria Kurt Vile produzido por Brian Wilson, quase escapando ilesos ao veneno das entrelinhas. Depois há aquele solo em “Tem De Ser”, peça central numa ideia de Vida Vs Morte, opondo-se ao doce negrume de “Dias Contados” e “Mil E Quinze”.

Chegados ao majestoso desfecho “Alvalade Chama Por Mim”, e à secção de metais com um perverso piscar de olho a “You Only Live Twice”, sublinhamos as suspeitas que atravessam todo o disco: Morreram os putos, fizeram-se Homens.

E dessas dores de crescimento, construíram aqui o seu melhor álbum.” (Pedro Ramos)

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