19/09/2018

PEDRO MIGUEL | "Uma Cena ao Centro"


Em registo simultaneamente documental, diarístico e ensaístico, o jornalista Pedro Miguel escreve sobre um período de intensa produção musical de que foi testemunha e também protagonista, seja porque integrou uma das bandas, This Is a Morphine Trip, ou porque trabalhou com os Silence 4 e os Phase.

"A ideia de fazer este livro sempre existiu", conta à agência Lusa. A conclusão do mestrado sobre "A cultura na imprensa regional", a partir do estudo das páginas do "Jornal de Leiria", e um novo período de intensa produtividade musical na região - "parece que está tudo a acontecer outra vez" - fê-lo querer concretizar a edição "para estas novas gerações perceberem que houve uma primeira fase de talento - e foi gira".

O investigador contabilizou mais de 300 nomes de artistas, bandas e projetos que estiveram ativos na década de 1990 em Leiria, mas também na Marinha Grande, Alcobaça, Caldas da Rainha, Nazaré, Peniche ou Pombal.

"Foram anos especiais, quanto mais não seja pelos Silence 4 e pelos The Gift, que foram as duas primeiras grandes exceções no panorama da música nacional que não eram nem de Lisboa nem do Porto", nota.

Tanto a banda de Leiria como a de Alcobaça "conseguiram furar e chegaram onde chegaram, porque tinham qualidade". David Fonseca, a solo já sem Silence 4, e The Gift continuam no ativo e são nomes de peso no panorama nacional.

Em "Uma Cena ao Centro", o autor defende que "houve uma 'tempestade perfeita', também com muita experimentação", que possibilitou aquela fase de grande produção musical.

"Na altura havia muitos concursos de música moderna. Criavam-se bandas para participar nesses concursos. Mas há mais fatores: o preço dos instrumentos musicais desceu; houve uma maior abertura à União Europeia; a autoestrada Lisboa-Porto ficou pronta e aproximou o país; surge a [rádio] Xfm, que apesar de ser só de Lisboa e do Porto, chegava cá pelo pessoal que estudava fora e que gravava umas cassetes que trazia ao fim de semana", afirma o autor do livro.

Pedro Miguel sublinha, contudo, que o livro é um reflexo local do muito que se passou nos anos 1990 da música do país: "Está tudo ligado e não é só a zona centro, que era um ponto de passagem. Só cá na região, podia haver outros capítulos mais aprofundados sobre, por exemplo, Caldas da Rainha, Alcobaça ou Peniche".

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