O novo disco de Filipe Sambado chama-se “Revezo” e tem como foco criativo a ideia de mudança, recriação, alternância. Fazer diferente, arriscar, jogar com a adrenalina da exploração de novos ambientes, novas possibilidades estéticas, combinações instrumentais, texturas.
No terreno fértil que ficou da excelente safra de “Filipe Sambado & Os Acompanhantes de Luxo” (2018), semeiam-se flautas e electrónica, percussões telúricas e espessas, teclados plásticos que ondulam ao sabor do psicadelismo pop, delirante ou onírico, castanholas esvoaçantes e um equilíbrio dinâmico de luz e penumbra.
Em "Revezo" colhem-se duas mãos cheias de canções capazes de atingir uma alegria pop contagiante. Mergulhamos os ouvidos numa folk floral e contemplativa (mas sem contemplações!), mantendo o músculo da música de intervenção e a rudeza da música popular portuguesa, com apontamentos de folclore, em arranjos de luxúria conceptual. Mesmo nos momentos de maior tensão, adivinha-se um sorriso cúmplice e malandro na voz doce e sedutora de Filipe Sambado.
“Revezo” é um disco que responde à eterna questão: como fazer canções relevantes e capazes de chegar às pessoas, que sejam apelativas e façam abanar as ancas, sem cair em lugares comuns nem repetir fórmulas? E, mais ainda, como fazer grandes canções de amor e ao mesmo tempo reflectir sobre as problemáticas da vida quotidiana, das relações e da sociedade de trabalho?
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