14/10/2020

NANCY VIEIRA CONFIRMADA NO MISTY FEST


Nancy Vieira é uma das mais reputadas artistas a explorarem no presente o imenso património musical de Cabo Verde que, no caso específico da morna, mereceu até distinção recente da Unesco como Património Imaterial da Humanidade. E em palco, Nancy é uma das grandes defensoras desse património estando habituada a apresentá-lo um pouco por todo o mundo: "Eu conheço a morna desde os meus 6 ou 7 anos de idade", diz-nos. "Sempre cantei os clássicos. E por isso, na véspera de um concerto, posso lembrar-me de um tema antigo que depois no espetáculo desafio os meus músicos a interpretarem comigo". 

 Nancy Vieira será uma das vozes especiais a marcarem a edição 2020 do Misty fest, ocasião para que se está a preparar com um espetáculo especial, rodeada dos seus músicos habituais, mas também com vários convidados: "Vou querer ter ao meu lado não apenas vozes de que gosto muito e com quem tenho trabalhado ao longo dos anos, mas também alguns músicos que admiro. Haverá algumas surpresas nestes", promete a artista cabo-verdiana. 

Quando eu canto", explica-nos, "a reação das pessoas costuma começar pelo silêncio, é sempre uma ocasião muito solene, que gera comoção. E depois no final dizem-me sempre que gostariam de ir conhecer Cabo Verde, quer eu esteja na Alemanha ou no Japão. Há quem diga que a morna é muito triste. O João Monge, bom amigo, quando me ouviu cantar falou-me na morna como uma música de melancolia feliz. Talvez seja isso", refere a cantora. Esta música que fala das viagens e o do mar, da saudade e da distância, que traduz sofrimento, será uma das coordenadas dos seus concertos para que levará material do seu último disco, "Manhã Florida", mas também outros pontos altos de uma carreira muito celebrada. 

A artista, que reside em Portugal, estreou-se em 1995, mas começou por dar nas vistas em 1999, quando surgiu numa compilação de título Música de Intervenção Cabo-Verdiana cantando ao lado do lendário Ildo Lobo. Lançou depois os trabalhos "Segred" (Praça Nova, 2004), "Lus" (Harmonia Mundi/World Village, 2007), "Pássaro Cego" (Arthouse, 2009), com Manuel Paulo, ou "Nô Amá "(Lusafrica, 2012). E foi já em 2018 apresentou o muito aplaudido "Manhã Florida" (uma vez mais com selo Lusafrica).

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