"Beirão de origem e fadista por paixão, o Sr. Jorge é um exemplo. Exemplo de que a expressão artística não é monopólio de especialistas e de profissionais, mas antes a necessidade e a capacidade que todos temos (até os artistas!) de comunicarmos através dos sentidos. Exemplo de que a música toca em lugares da nossa emoção sensível que a transformam num território que une, muito para lá das fronteiras rígidas dos estilos, das gerações e das proveniências sociais. Exemplo de como, a partir da convocação fraterna de vontades de gente da música, do teatro e da militância cultural, é possível fazer nascer um disco assim em Viseu. Exemplo de como são os encontros improváveis que põem em comum os dessemelhantes – o que é, afinal, o modo mais fundo e transformador de fazer comunidade.
Neste E.P. temos ambientes sonoros contemporâneos que se juntam – ou aos quais se junta – a voz vivida e emocionante do Sr. Jorge. Temos uma espécie de lamento musicado sobre um passado que já foi, sobre um presente de saudade e de desencanto, sobre o envelhecimento e a perda, as alegrias e as tristezas, a memória das gargalhadas, dos desesperos e das paixões. Temos o amor – e sempre, implacável, o tempo. Temos, acima de tudo, o efeito de múltiplos e fecundos encontros cujo resultado agora se oferece à nossa fruição. Só temos de agradecer e aproveitar." (José Soeiro)
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