A história deve ser criada. O presente pode ser história. E o futuro tem de ser inventado no presente. A reboque destas ideias a Discrepant tem criado um catálogo único e, nele, uma invenção única da música portuguesa. Não tem origem nestas “Antologia De Música Atípica Portuguesa”, passa também por elas. E, sim, no seu catálogo, melhor, numa palavra que é cara neste momento, na “curadoria”.
Nós gostamos de lhe chamar visão, por não perpetuar estigmas nem preconceitos, e dar lugar a música que tem o direito de existir. É assim que tem criado o seu folclore e, por consequência, originado estas “Antologia”. O terceiro volume, “Canto Devocionário”, é o último. Num lugar de invenções e criações, é-se levado à interpretação destes oitos temas como cantos, coleções de um imaginário religioso interpretado por músicos como Niagara, Joana Guerra, João Pais Filipe, Jibóia, Serpente, Folclore Impressionista, Atelier Radiofónico e Filipe Felizardo.
A música convida, “Paulo, Apolo e Pedro” dos Niagara existe como excelente introdução – fazendo uma óptima ligação com outra edição da editora, “1807” - a estes quarenta minutos de música, criando uma elevação (espiritual?) que aguenta todo a restante seleção. João Pais Filipe leva-nos por caminhos frequentes da sua música; Joana Guerra abre as portas dos céus. Cai-se no religioso, sim, porque a história e invenção do futuro antológico desta “Música Atípica” é essencial para a história.
O lado B abre com Serpente e, depressa, vai reconstruindo laços à terra, seja por explorações sonoras mais ligadas ao natural ou pela estranha abordagem de Filipe Felizardo a música caseira. Os três volumes desta “Antologia De Música Atípica Portuguesa” poderiam ser ficção científica. São bem reais e um quadro de uma música portuguesa que insiste em existir. E ainda bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário