No primeiro dia do ano "viajamos" para o Alentejo, a "matriz" da inspiração das canções de Carl Mendes. "The Song Poet" é o 2º capítulo deste músico alentejano, editado em finais de 2011. Um disco "ótimo para se ouvir ao fim da tarde à soleira da porta, de preferência acompanhado com uma garrafa de tinto alentejano."
Portugal Rebelde - Depois de “Winter Songs”, álbum editado em 2010, “The Song Poet” marca o teu regresso aos discos. O que é que une e separa estes trabalhos?
Carl Mendes - São ambos discos muito pessoais e muito relacionados
com os meus fantasmas interiores. Apenas diferem na abordagem. Enquanto que "Winter Songs" é um disco que convida ao recolhimento, "The Song Poet" é um
disco onde se vislumbra já alguma luz, um raio cósmico de esperança.
PR - De que é que nos
falam as canções deste disco?
CM - "The Song Poet" é um álbum de cura emocional que
exorciza alguns dos meus fantasmas. Contudo, é imensamente metafórico o que o
torna quase que universal. Cada um adequa as palavras às suas próprias
experiências e cria o seu próprio significado, tal como numa pintura. O
significado de cada tema estará sempre relacionado com a interpretação que cada
um atribuir a essas metáforas.
PR - ”Cheer Up Gloom”
foi o single de apresentação deste disco. É este o tema que melhor define o
espírito do álbum?
CM - "Cheer up Gloom"foi
escolhido por vários motivos. Porque é um tema muito melódico e que poderia ser
bem acolhido na rádio. Também ao nível da estrutura e dos arranjos é um tema
possivelmente mais fácil de absorver que outros que estão no disco, logo, seria
uma boa introdução.
PR - Numa frase apenas
como caracterizarias este “The Song Poet”?
CM - Ainda não consigo condensar o disco numa só
frase. É um disco óptimo para ouvir ao fim de tarde à soleira da porta, de
preferência com uma garrafa de um bom tinto (Alentejano, claro).
PR - Já tiveste a
oportunidade de apresentar as canções deste disco. Qual tem sido o “feedback”
do público?
CM - Tem sido muito
positivo. Aquando do "Winter Songs" não apresentei o disco ao vivo porque
julgava ser demasiado "denso" para a maioria das pessoas. O que se passou
quando comecei a promover este novo disco é que muitas pessoas, de todas as
idades, ficavam muito atentas às minhas apresentações e, algumas dessas
pessoas, faziam questão de vir dar-me os parabéns no final. Talvez as pessoas
estejam um pouco cansadas dos produtos pré-fabricados da indústria e vejam em
mim e na minha forma de estar algo em que se conseguem rever.
PR - Por onde passa o teu
futuro próximo?
CM - O meu futuro próximo
passa por dar a conhecer o novo disco às pessoas e tentar fazer com que o
compreendam. Sei que é um disco que não se ouve à primeira e, portanto, será
essa a minha batalha por enquanto. Que as pessoas compreendam que disco é o "Song Poet".
PR - Para terminar, como
é ser músico no Alentejo?
CM - Do ponto de vista
criativo é muito bom. Consigo ter a paz de espírito necessária para que os
temas venham até mim. Por outro lado, o Alentejo está muito longe das
oportunidades e, nesse sentido, sei que estou um passo atrás de outros músicos.
Ainda assim, creio que é o Alentejo a matriz das minhas inspirações. Se vivesse
numa cidade como Lisboa sentir-me-ia demasiado preso. No Alentejo posso colocar
à deriva o pensamento e, por vezes, derivar é a melhor opção.
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