Hoje rumamos ao Sul na companhia de Hugo Frota, para ficarmos a conhecer o 4º registo dos Houdini Blues - "Suão" (Edição de Autor, 2011). O sucessor de "F de Falso" é "um disco concebido como consequência de uma vida rodeada de calor, aridez, cânticos graves e velhos vestidos de luto."
Portugal Rebelde - Quando partiram para a gravação deste 4º registo, o “Sul” era a direcção que pairava nas vossas cabeças?
Hugo Frota - Era
precisamente a única coisa que pairava nas nossas cabeças pois pela
primeira vez não tínhamos nenhum tema esboçado. Não tínhamos nada na
gaveta.
PR - “Suão”
é um disco a que agrada a coincidência fonética de “solidão” e
“sulidão”. “Festa” “desalento” e “esperança” cabem também neste disco?
HF - Sim,
porque o grande Sul congrega tudo isso, festa e melancolia mas também a
esperança como única saída possível para o desalento. Por exemplo há
festa no som de "In Pace Finis", mas na letra coabitam essa dualidade de
desalento e esperança.
PR - Numa frase apenas como caracterizarias este “ Suão”?
HF - Um disco concebido como consequência de uma vida rodeada de calor, aridez, cânticos graves e velhos vestidos de luto
PR - Este
disco inclui dois temas com poemas do poeta transmontano Guerra
Junqueiro - “In Pace Finis” e “Divino Hugo”. A que se ficou a dever esta
escolha?
HF - Enquanto
elaborávamos o disco surge-nos o convite da Universidade Católica do
Porto para musicar um poema para a colectânea “A música de Junqueiro”
que foi editada com o jornal Público. Nós trabalhámos dois poemas e eles
escolheram um, mas gostámos tanto dos dois e achámos que as letras
cabiam perfeitamente no chapéu temático que acabaram por entrar em
“Suão”. E além disso gostamos sempre de fazer esse tipo de opções que
baralhem um pouco quem está de fora.
PR - “Pirâmide” foi o single escolhido para presentação deste novo trabalho. Queres falar-nos um pouco da “história” deste tema?
HF - Esse
tema foi construído a partir de um sample de um tema de uma velha
cassete que tínhamos no sótão onde ensaiávamos. O Ricardo Gonçalves
(baixista) tinha ido ao Cairo e tinha comprado por piada aquele objecto
meio kitsch. Fizemos a música a partir dali. Ao construir a letra tentei
descrever o que seria aquele povo um dia acordar da letargia. E não é
que passado pouco tempo aconteceu mesmo!
PR - Para terminar, por onde passa o futuro próximo dos Houdini Blues?
HF - Passa por levar este disco para a estrada e começarmos já a pensar no próximo, estamos cheios de vontade de fazer coisas novas.
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