Depois de "A Vida dos Outros" (2010) os Anaquim estão de regresso aos discos com "Desnecessariamente Complicado", um disco composto por 14 canções escritas sob o olhar atento de José Rebola, porque para os Anaquim a cantiga ainda é uma "arma poderosa".
Portugal Rebelde - O que une e separa o álbum
“Desnecessariamente Complicado” do vosso disco de estreia editado em 2010?
José Rebola - O que une é a nossa
abordagem à música e a crença que ela pode abarcar alegrias e tristezas,
seriedade e humor, valsas e psychobilly. É a nossa atenção à sociedade que nos
rodeia e a necessidade O que separa é que a ingenuidade do Anaquim vai-se
perdendo, e está mais reivindicativo e menos insistente nos eufemismos.
PR - Sem nunca afastarem a
“paleta sonora” que vos caracteriza: o swing, a country, o jazz manouche, o
cabaret ou a música portuguesa, este é um disco, que em termos musicais está
mais próximo do rock. Concordas?
JR - Sim. Quando há urgência,
controvérsia, reestruturação social e procura de sentido num país e mundo em que
as coisas boas se vão rarefazendo, o rock é o veículo ideal para embarcar nessa
viagem. É assim desde os anos 50, e mesmo com a emergência do hip-hop, por
exemplo, outra forma de luta através das palavras, o rock não vai esmorecendo.
PR - O fio condutor às 14
canções deste disco são os temas de carácter social. A cantiga para os Anaquim
ainda é uma arma?
JR - Claro. Quem não tem
aparentemente nada ainda tem a voz e as ideias. É uma arma das mais poderosas e
das que menos baixas causa. Mais do que a luta, um mundo sem música seria um
mundo já derrotado.
PR - “Desnecessariamente
Complicado” foi a canção escolhida para apresentação deste disco. De que é nos
fala este tema?
JR - Este tema fala-nos de voltar
às coisas boas e básicas da vida, às soluções simples por caminhos diretos e
não por atalhos travessos, por cima das obstruções e dificuldades que vão
inevitavelmente acontecer. É o relembrar de coisas que vamos esquecendo por
causa do que temos sempre de fazer para ontem.
PR - Um dos convidados deste
disco é Viviane, que participa no tema “Onde acaba o Oeste?”. Como é surgiu
esta oportunidade?
JR - Curiosamente surgiu mais uma
voz nas redes sociais, desta feita no Facebook. O que começou como uma troca de
elogios acabou num convite para colaboração e se no mundo virtual já havia
simpatia, no mundo real foi ótimo conhecer a Viviane e testemunhar o seu
talento e a maneira como deu vida própria ao tema.
PR - Já tiveram a oportunidade de apresentar este disco em Coimbra, Porto e Lisboa. Como é que correram estes concertos?
JR - Foram concertos muito bons,
em que tentámos recriar fielmente os temos do disco, acrescidos da energia do
palco, claro. Contámos com muitos convidados, um dos quais muito especial, o
público, que recebeu muito bem as novas canções. Um segundo álbum é sempre um
desafio e sentimos que ganhámos este.
PR - Numa frase apenas como
caracterizarias este “Desnecessariamente Complicado”?
JR - Em palavras que li: queremos
a utopia para hoje, não para amanhã.
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