19/06/2012

COVILHETE NA MÃO | Discurso Direto



No próximo dia 23 de Junho, Vila Real recebe pela primeira vez o Festival "Se Esta Rua Fosse Minha", um evento que está a ser preparado pelo coletivo Covilhete na Mão. O Portugal Rebelde esteve por estes dias na capital transmontana numa animada conversa com o coletivo Covilhete na Mão, que em "Discurso Direto" nos revelaram alguns dos "segredos" deste Festival.

Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que surgiu a ideia do Festival “Se Esta Rua Fosse Minha”?

Covilhete na Mão - Após o jantar, enquanto comíamos um arroz doce, apareceu o arcanjo Gabriel, e o próprio S. João, montados em descascadores de maças alados. Disseram-nos para atentar na data dos hard-rockers Classified e aproveitar para realizar um festival jeitoso, de forma a apaziguar a ira de Deus. Pouco depois, uma luz intensa saiu do covilhete que estava na mão e desejámos, não que o Mundo fosse nosso, mas pelo menos uma rua. Esse momento transcendental foi musicado pelas bandas que actuam no festival. Já se fala por aí na grandeza do acontecimento e sabemos já de uma situação de uma bela que se acendeu…

PR - Ao contrário do que é habitual, este ano o São João em Vila Real será celebrado em tons de rock. Que bandas poderemos ver e ouvir no Johnnie Red Blues & Jazz Bar e Club de Vila Real?

CM - O S. João de Vila Real é tão habitual aqui como os covilhetes em Belém. Aproveitámos o início do ritual S. Joanino da bela Vila para introduzir uma tradição músico-cultural: provas reais de música moderna portuguesa, sábado à tarde de fato de treino Adidas, taina na rua e noite de camisa aberta nas montanhas da loucura do Lovecraft, reescritas pelo Torga. Se juntarmos isto aos balões do rocker João e ao candeeiro “dá-me música” do festival Se Esta Rua Fosse Minha, resulta lindamente nos concertos dos guerreiros doom Aspen, o 70’s vibe dos hard-rockers Classified, a beleza folk de The Partisan Seed, a massa stoner dos Gesso e o cogumelo mágico folk-psych de Mandrax Icon. É como uma missa só, mas com os salmos em ping-pong entre duas capelas-bar.

PR - Para além da música, o Festival abre com projecção do documentário “Meio Metro de Pedra” no Club de Vila real. Querem falar-nos um pouco deste evento?

CM - O festival arranca logo depois da taina de almoço, pelas 14.30H. Como sabemos que vai ser um dia de comida à fartazana, e vamos ter que comer pimentos ao almoço e ao jantar, achámos por bem exibir o documentário sobre a contra-cultura do rock’n’roll em Portugal, para digestivo, que intencionalmente será um guia de “how to make a rock’n’roll party” para a tarde e noite do festival. Esse “guia” ao passado português chama-se Meio Metro de Pedra e é também uma luz intensa que saiu das mãos do realizador Eduardo Morais, que fechará o festival com um dj set honrado pelos seus vinis, enquanto na outra sala estará o one man band Pe7er Panic a rodar malhões zebra.

PR - Dêem-me-me duas razões para que no próximo dia 23 de Junho, marque na minha agenda o Festival Se Esta Rua Fosse Minha, em Vila Real?

CM - Ainda bem que foram duas razões, porque só sabemos dar duas, uma a bem e outra a mal. A bem, The Partisan Seed: http://www.youtube.com/watch?v=MDJBSh9R98Q. A mal, Aspen: http://youtu.be/XoIxubCTCok. De qualquer forma, todos os caminhos vão dar à nossa rua. É só seguir o cheiro dos pimentos grelhados nas válvulas dos amps.

PR - Esta iniciativa vai ter continuidade nos próximos anos?

CM - Estamos em negociações com a Troika no fórum da revista Doces do Céu, pois não sabemos se o S. João estará cá para o ano. O arcanjo Gabriel já se disponibilizou, mas há rumores que possa ser transferido para a India, reforço de época de Shiva. No entanto, enquanto o covilhete estiver na mão, há uma luz a sair e outra ao fundo do túnel. Em breve, traremos covilhetes lightsaber e será tudo melhor, mas para já temos os Santos concentrado no próximo jogo, que fará de uma rua e dois bares um abençoado festival. Sem Dragões, covilhete na mão is coming.

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