Da autoria de Luís Silva do ó e Bruno Gonçalves Pereira, chegou recentemente às livrarias "Book Stage - Nos Bastidores do Rock Português" (Chiado Editora, 2012) uma obra que "resgata" da nossa memória coletiva 8 "lendas" do Pop/Rock Português. Luís Silva do Ó, é hoje o meu convidado em "Discurso Direto".
Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que
nasceu a ideia de reunir em livro algumas das entrevistas que realizaste a oito “estrelas” do Pop Rock Português?
Luís Silva do Ó - A ideia já era
antiga, mas ganhou um real impulso quando, em Abril de 2010, fui desafiado por
um editor. Como em 2011 se celebravam os 30 anos do boom de ’81 acabei por
centrar o trabalho em músicos que tivessem alguma ligação ao fenómeno.
PR - ”Book Stage – Nos
Bastidores do Rock Português”, pretende de alguma forma ser uma referência para
quem quer revisitar alguns dos melhores projetos do Pop/ Rock dos anos 80?
LSO - A nossa
ambição passou apenas pela construção de um livro verdadeiro, honesto, em que 8
nomes lendários do Rock Português pudessem contar histórias e a sua própria história
– por incrível que possa parecer, muitos deles ainda não o tinham feito em
livro. Claro que não escondemos a nossa alegria quando nomes tão credíveis e
exigentes, como David Ferreira (que nos deu a honra de assinar o Prefácio) e Pedro
de Freitas Branco (que escreveu a Introdução) elevam estas histórias ao patamar
de referência de memória futura, nos textos que escreveram para este livro.
PR - Acreditas que esta obra,
poderá contribuir para que os leitores mais novos partam à (re)descoberta da
nossa história musical recente?
LSO - No lançamento
já sentimos essa curiosidade. Mas, também, a curiosidade de outros mais velhos
que desconhecem as carreiras que António Garcez e Sérgio Castro tiveram ao
longo dos anos 70 e que ficaram deslumbrados com o que se passou na mesa e nas
surpresas que aconteceram em palco.
PR - Um dos grandes momentos
deste livro, é a entrevista realizada a Zé Leonel, um dos co-fundadores dos
Xutos & Pontapés e voz dos Ex-Votos, já muito debilitado pela doença. Que
“emoções” guardas desse encontro?
LSO - Foi um
encontro marcante e muito complicado de descrever em palavras. Não estava à
espera de encontrar o Zé Leonel num estado tão debilitado porque desconhecia o
seu verdadeiro estado de saúde. Porém, quando o microfone foi ligado quem
estava comigo era o músico rebelde que se transformou num mito. Penso que isso
e a consciência de ser a sua última entrevista, que ficaria impressa em livro,
transparecem na conversa.
PR - David Ferreira, no
prefácio deste “Book Stage – Nos Bastidores do Rock Português”, lamenta a
ausência dos (obrigatórios) GNR e Heróis do Mar nesta revistação à nossa
memória coletiva. A que se ficou a dever este senão?
LSO - Concordo com a
visão do David Ferreira. A lista inicial de nomes era constituída por 20 (ou
mais) e cedo constatámos que seria impossível ter entrevistas de fundo com
tantos músicos, o que nos levou a diminuir o lote para 8. Houve um momento em
que tivemos de decidir que caminho seguir e preferimos realizar menos
entrevistas do que cortar na sua dimensão e profundidade. Naturalmente que se
vier a existir um volume 2 tudo faremos para que GNR e Heróis do Mar estejam
presentes.
PR - Para terminar, como vês o
atual momento da Música Portuguesa?
LSO - A música
portuguesa está pujante e tem uma qualidade muito elevada. Pena que a
esmagadora maioria dos portugueses não faça ideia daquilo que está a perder. Fazia
falta um novo boom porque esta nova geração além de muito boa sabe tocar muito
melhor do que a esmagadora maioria dos nomes que surgiram no boom de ’81.
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