14/04/2013

HELDER MOUTINHO | Discurso Direto


Fiel ao seu espaço temporal de criação de um álbum por quadriénio, o fadista, compositor e letrista Helder Moutinho regressa este ano às edições discográficas com um álbum conceptual -  “1987 - um disco, que conta quatro histórias independentes, cada uma delas composta por quatro poemas diferentes de cada um dos quatro letristas convocados para a escrita deste novíssimo trabalho.

Portugal Rebelde - Este quarto disco esteve para chamar-se “Era uma vez o Amor”, um álbum com quatro histórias contadas em quatro fados cada. Como é que surgiu esta ideia?

Helder Moutinho - Tudo começou pelo facto de querer convidar quatro poetas meus contemporâneos e de certa forma achar que cada um deles poderia contar uma história em vez de cada um ter quatro poemas soltos. Sempre gostei de fazer discos conceptuais. Esta seria uma forma.

PR - Para além do João Monge, Pedro Campos e de si próprio, há um “contado de histórias” pouco (im)provável neste disco, o jornalista José Fialho Gouveia. Como é que se deu este encontro?

HM - Por sugestão do João Monge, no momento em que estávamos a ver possibilidades de outros poetas.

PR - Este “1987 começou a ganhar forma com o tema “Venho de um Tempo”. De que é que nos fala esta “história”?

HM - Na realidade fala dos dias da Liberdade. Como se eu estivesse a contar a alguém com quem quero partilhar a minha vida, como foram os meus dias da Liberdade. Os anos setenta, a minha adolescência. O inicio da Liberdade até aos dias de hoje em que esta está a ser posta em causa, por uma série de factores nacionais e internacionais.

PR - A que se ficou a dever a escolha de “1987” para título deste quarto disco?

HM - Acordei a pensar que depois de escolhermos a foto – sendo esta escolhida por tudo o que o disco valia. A imagem de capa é uma expressão de reflexão e o titulo inicial não coincidia. Lembrei-me que poderia ter um titulo com um número. Depois tive de pensar porquê e acabaram por surgir uma série de coincidências que fazem todo o sentido.Todos nós temos um tempo em que o tempo não havia.

PR - Para além das quatro histórias que o disco conta, há um post scriptum, um fado que Fernando Tordo escreveu para homenagear a Beatriz Conceição, o “Fado da Bia”. É verdade, que a Beatriz da Conceição é uma das pessoas responsáveis pelos seus primeiros “passos” no fado?

HM - Sim.

PR - Numa frase apenas - ou duas - como caracterizaria este 1987”?

HM - Diria que não fui eu que quis fazer este disco, mas sim o disco que quis que eu o fizesse.


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