(Foto: Rita Carmo)
O EP “October Sessions” não passou despercebido ao público à critica. The Happy Mess, estão em estúdio a gravar o seu disco de estreia", "Songs from the Backyard". O primeiro registo do grupo tem edição prevista para Setembro de 2013. O Portugal Rebelde esteve recentemente à conversa com Gaspar Borges, o guitarrista da banda, que em "Discurso Direto" nos fala do passdo recente e perspetiva o futuro dos The Happy Mess.
Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que nasceram os The Happy Mess?
Gaspar Borges - Nasceu porque o Miguel desafiou o Rui Costa (pianos) e a mim a fazer uma banda. Quando eramos novos eu tinha uma banda e eles os dois também partilhavam um outro projeto. Sempre ouvimos muita musica e creio que foi sempre algo que nos esteve atravessado. Estavamos só à espera da primeira oportunidade para agarrar um projeto destes, cada um de nós. Quando surgiu, ainda por cima com amigos de longa da data, agarrámo-la. Havia ainda outros amigos que estavam a bordo mas que sairam porque a vida é mesmo assim e um projeto destes implica que tens que ter tempo para o trabalhar. Assim, houve alguma rotação até chegarmos à formação atual dos Mess que está finalmente fechada.
PR - No press release deste disco afirmam: “estamos a surfar esta nova vaga da música alternativa portuguesa... mas às tantas andamos só enrolados na nossa própria onda”. Que “onda” é esta de que falam?
GB - Há uma geração espontanea de projetos musicais que surge nos ultimos dois anos. É quase como uma quinta de cogumelos em que surgem bandas por todos os lados e em todas as formas. Há uma explosão criativa. E não é só em Lisboa. É por todo o lado. E o que é bom é que não é apenas quantidade. Há muitas coisas boas a tocarem e a dar concertos. E os Mess estão dentro desta vaga de projetos que vêm vindo a conquistar o seu espaço criativo junto do público. Publico esse que curiosamente também responde a esta tendencia criativa. Vejo as pessoas mais atentas ao que anda a acontecer na musica portuguesa. Se vamos a uma sala como o Ritz ou o MusicBox, ou o Plano B, ou o Salão Brazil vês que há pessoas que estão curiosas e querem ouvir coisas novas. Isto dá alento a projetos como o nosso. Faz-nos crescer e querer tocar. E tal como a nós, deve acontecer o mesmo às outras bandas. É como um movimento que empurra o outro para a frente. Quanto a nós, vivemos nessa realidade mas temos uma personalidade vincada, parece-me. Temos um som que é vincadamente nosso. Não encontro outro projeto que tenha uma sonoridade como a nossa em Portugal. E ainda bem. Nós esforçamo-nos muito para trazer algo de novo e para não sermos mais um projeto com um som semelhante a dezenas de outros. Obviamente, que ouvimos muitas coisas e muito provavelmente identificas nas nossas musicas algumas influências mas isso é inevitável. Cada elemento dos Mess esforça-se por trazer o melhor daquilo que mais gosta. Gostamos de transformar essas influências numa coisa nossa. Às vezes até o faço conscientemente. Oiço uma coisa e penso: “Esta sequência ficaria aqui bem”. E começo a trabalhá-la e à tantas já é uma coisa completamente diferente. Já tem um som próprio numa maneira própria de tocar. Num contexto só nosso. E passou a ser parte do som dos Mess. Estamos a iniciar a fase final das gravações do disco (aliás, esta semana é a ultima semana de gravações do “Songs from the Backyard”) e nas próximas semanas se tudo correr bem, o público já pode ter uma boa ideia daquilo que é o tal som do Mess. Contamos colocar cá fora dois singles nas próximas semanas. Um irá chamar-se “Backyard girl”. A outra ainda estamos a decidir qual será. O que importa é que as pessoas oiçam e que gostem e pode ser que no final achem mesmo que estamos mesmo a navegar na tal “nossa” onda.
PR - “October Sessions” foi masterizado em Nova Iorque, com o Tim Boyce, nos estúdios Masterdisk Indie, por onde têm passado nomes como David Bowie, Gorilaz, Pearl Jam, Bob Dylan, Prince, Bruce Springsteen ou Nirvana. Que significado teve este “momento” pra a banda?
GB - Tratou-se duma decisão pragmática: muito bem temos agora um EP e temos que masterizá-lo. Quem é que são os melhores a fazê-lo? Fomos fazer o trabalho de casa e descobrimos o Tim. Daí a escolha da Masterdisk. Não se tratou dum momento emocional com significado especial. Foi antes optar por entregar o nosso trabalho a uma equipa que achámos que iria fazer um bom trabalho. Aliás, gostámos tanto que o mais provavel é ser o Tim a masterizar as musicas do “Songs from the Backyard” nas próximas semanas, para que lá para o fim do verão, quando sair o disco, esteja tudo pronto.
PR - O EP “October Sessions” tem sido muito bem recebido pela crítica e pelo público. Estavam à espera deste “feedback”?
GB - Definitivamente não sabiamos se viriamos a passar nas rádios ou se haveria pessoas a comprar as musicas nas plataformas digitais. Mas isso aconteceu, as pessoas envolveram-se e é bom ver isso. Nos concertos temos tocado parte do “October Sessions” mas temos andado a tocar sobretudo o “Songs from the Backyard”. Ou seja, musicas que as pessoas que vão ver um concerto dos The Happy Mess estão a ouvir pela primeira vez. O interessante é que em todas elas, o publico responde ao som. Não há um conhecimento do som por terem ouvido na rádio. Estão a ouvir as musicas pela primeira vez e é o suficiente para começarem a saltar e a dançar. Tem sido muito bom. Tocámos em Coimbra, no Salão Brazil e as pessoas que estavam todas sentadas, ao inicío, terminaram aos pulos desvairadas. Em Monção, onde estivemos no fim de semana passado, não havia mais do que 40 pessoas na sala mas tenho a certeza que aquele concerto foi memorável para cada uma daquelas pessoas. Foi intimista. Quase como um ensaio alargado. No final tocámos o Morning Sun com todas as pessoas na sala em cima do palco, connosco. Não acredito que isto aconteça em muitos concertos. Portanto, as reações têm sido boas. Um concerto dos Mess é uma entrega muito grande de cada um de nós. Nós damos mesmo o litro em cima do palco e o público sente isso e responde. Dai que as respostas têm sido boas. Especialmente tendo em conta que se trata dum disco que não teve formato fisico. Está disponivel apenas nas plataformas digitais: itunes, musicbox, vodafone music, etc. Para uma banda que não tem um disco fisico e que já conseguiu algumas coisas como airplay nas rádios nacionais e interesse por parte dos promotores de concertos, temos conseguido fazer um caminho interessante. O problema é que quando chegamos a um ponto depois queremos chegar ao ponto seguinte.
PR - Numa frase apenas – ou talvez duas - como caracterizarias este “October Sessions”?
Não consigo fazer esse exercicio...Foi um conjunto de musicas que marcaram uma fase dos Mess. Havia ali claramente ainda um esforço muito grande de encontramos a tal “nossa onda”. Era algo que estva a ser trabalhado e formado em cada musica. Foi uma escola para nós, esse trabalho, na medida em que nos ensinou muito. Nomeadamente, deu-nos luzes sobre como fazer uma musica. Foi um trabalho determinante para nos solidificarmos. Foi-o tão determinante que 2 das musicas do EP, estarão agora no disco. Falo do "Morning Sun" e do "Even if the Day was blue". Isto acontece porque estão apenas na edição digital e pareceu-nos que deviam estar no registo fisico. Portanto, se me pedes para caraterizar o October sessions, digo-te que para mim foi um exercicio para chegarmos ao nosso primeiro round. Que é onde estamos agora. Se ouviste com atenção o October Sessions e se gostaste acho que vais ter uma grande surpresa quando ouvires o "Songs from the backyard". Chegámos ao som dos Mess. As vozes cruzam com os pianos que passam pelas guitarras e que voltam às vozes com tudo suportado pelas linhas do baixo e os ritmos do bombo e da tarola. Escrevo sem pontução e de seguida para te mostrar que o nosso som está mesmo assim. Fluído. As linhas de som dos vários instrumentos estão a trabalhar todas ora em movimentos paralelos, ora em movimentos cruzados com melodias próprias que constroem cada musica. Acho que estamos a fazer um bom disco. As pessoas o dirão, se sim ou não.
PR - “Morning Sun”, é o mais recente vídeoclip para este EP. De que é que nos fala este tema?
GB - Fala de uma procura constante de mais e mais. Nunca estamos satisfeitos e por isso é a fuga para a frente, sempre à procura de soluções que nos ajudem a passar os dias e a tornarem-nos mais de acordo com o que cada um de nós gostaria que fosse. Acho que fala um pouco do reflexo do que é uma sociedade urbana nos dias de hoje.
PR - Depois do disco, vamos ter oportunidade de ver e ouvir as canções deste disco em palco?
GB - Sim, claro. Espero que muitas vezes.
PR - Para terminar, por onde passa o futuro próximo dos The Happy Mess?
GB - Por agora, por terminar o disco. Depois, logo se vê...
Sem comentários:
Enviar um comentário